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NA CORDA BAMBA
13/12/2016

A administração de recursos humanos nas organizações brasileiras tem sua evolução baseada em limitações da legislação trabalhista, que seguiu modelos de países desenvolvidos.

Ao longo dos anos, esse segmento deixou de ser meramente operacional e passou a ser responsável pelo reforço e disseminação da cultural organizacional.

Se antes o profissional da área deveria ter conhecimento apenas das atividades comuns, como folha de pagamento, remuneração, treinamento, seleção e desenvolvimento profissional, hoje ele deve entender o negócio, observando os cenários de atuação e a questão da produtividade.

Desta forma, o departamento de RH de qualquer empresa enfrenta dificuldades históricas, além da pressão diária de colaboradores e de movimentos sindicais.

Na área da saúde, os desafios do setor são ainda maiores. E quando se fala de entidades filantrópicas, este montante só aumenta.

No setor filantrópico do Estado de São Paulo, o número de colaboradores está em torno de 52 mil, sendo destes, em média, 40% de áreas administrativas e operacionais.

Os hospitais e Santas Casas que integram este segmento enfrentam problemas graves, entre eles, o subfinanciamento.

Não há recursos suficientes para a realização de atendimentos de qualidade para toda a população, quanto mais para o desenvolvimento de profissionais, com o oferecimento de cursos e especializações.

Os profissionais de RH do setor filantrópico vivem no fio da navalha, pois a falta de verbas faz com que eles, muitas vezes, corram o risco de não conseguir cumprir o que a lei determina, muito menos o que é estabelecido pelas convenções trabalhistas. E se houver negligência no cumprimento das leis e normas estabelecidas pelas convenções, haverá consequências fiscais.

Os custos de folha de pagamento são de 40% a 50% do empenho de despesas das instituições, o que faz com que a implantação de práticas de engajamento e motivação seja fator fundamental para a sobrevivência da relação de vínculo com as entidades entre os colaboradores.

Atualmente, os principais desafios do departamento de recursos humanos das entidades filantrópicas são assegurar competências e habilidades-chave para a força de trabalho em saúde; aumentar o desempenho dos profissionais; fortalecer a capacidade de planejamento e gerenciamento de RH no setor da saúde e, principalmente, aumentar a fixação das equipes de profissionais.

Se não há motivação, é comum que haja pedidos de demissão e nesta realidade é cada vez mais difícil encontrar substitutos.

Muitas vezes, estas instituições 'perdem' seus profissionais mais qualificados para o setor privado da saúde, que oferece plano de carreira e melhores salários para os seus funcionários.

Assim, o sistema vai perdendo seus colaboradores e seus contratos com fornecedores de remédios e equipamentos. E a população usuária do Sistema Único de Saúde, mais uma vez, sofre com a incapacidade do poder público de prover maiores repasses aos hospitais filantrópicos.

O SUS precisa cumprir o seu propósito e fornecer subsídios para que os hospitais filantrópicos e as Santas Casas desenvolvam um trabalho com cada vez mais qualidade. Os profissionais da área de saúde, especialmente os do departamento de RH, matam um leão por dia para cumprirem sua missão, mas não sabemos até quando haverá fôlego para sobreviver.

EDISON FERREIRA DE SILVA é presidente do Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado de São Paulo


Fonte: Folha de S. Paulo