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MATERNIDADE DE CAMPINAS REDUZ NÚMERO DE CESARIANAS
26/02/2018

Em menos de um ano, a Maternidade de Campinas, por meio do Programa Parto Adequado (PPA), reduziu em mais de 15% o número de cesarianas realizadas no hospital e a intenção é diminuir ainda mais em 2018. No primeiro semestre do ano passado, cerca de 84% dos partos na saúde suplementar eram realizados com intervenção cirúrgica. Hoje, o índice está próximo de chegar aos 65%. A ideia é superar a barreira dos 60% até o final do mês de novembro. A medida vai ao encontro de recente recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que afirmou ser importante reduzir o número de "intervenções médicas desnecessárias" no mundo.

No Brasil, os dados de 2016 mostram que 55,6% dos partos no País foram cesárias, a segunda maior taxa do mundo, superada apenas pela da República Dominicana, com 56%. Em Campinas, contudo, o número está bem acima disso. Segundo a Secretária de Saúde, a porcentagem no município foi superior a 60% nos últimos três anos. A OMS alerta que, na última década, uma "proporção substancial" de grávidas saudáveis foi alvo de, pelo menos, uma intervenção desnecessária durante um parto.

De acordo com a Maternidade, quando não há indicação clínica, a cirurgia cesariana aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o recém-nascido e triplica o risco de morte da mãe. Cerca de 25% dos óbitos neonatais e 16% dos óbitos infantis no Brasil estão relacionados à prematuridade. Em cesáreas desnecessárias, o recém-nascido pode sofrer complicações respiratórias imediatas e, se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer antes da completa maturação pulmonar do bebê.

O ginecologista, obstetra e diretor-presidente da Maternidade de Campinas, Dr. Carlos Eduardo Martins da Costa Ferraz, explica que o parto adequado é aquele que garante a integridade da mãe e do bebê. "É obvio que não cabe a Maternidade de Campinas, assim como a qualquer outra instituição de saúde, interferir na relação médico/paciente, porque a decisão precisa ser sempre da mãe. No entanto, nós temos feito um trabalho muito grande para conscientizar os médicos e os pacientes sobre as vantagens do parto vaginal, sempre que ele for necessário" , afirma.

Para a ginecologista e obstetra, Mariana Borges Simões, de 39 anos, a crescente medicalização de um processo normal de nascimento está minando a capacidade das mulheres de dar a luz e impactando de forma negativa a experiência no nascimento. Ela explica que não há necessidades de receber intervenções adicionais para acelerar o parto, se a mãe e o filho estiverem em boas condições. "O próprio nome já diz. O parto natural é aquele em que o bebê vem ao mundo na hora que ele precisa vir, ou seja, quando ele realmente está pronto para sair da barriga da mãe. Hoje, eu diria que 85% das mulheres não precisam realizar as intervenções por meio de procedimentos cirúrgicos, que é o caso da cesárea. Esse tipo de parto deve acontecer apenas em casos de necessidade e não por comodidade dos médicos ou pacientes" , explica a especialista.


Fonte: Correio Popular