Folha de S. Paulo: Hospitais privados temem cortes de verbas públicas
18/08/2015
As sucessivas reduções no orçamento da Saúde preocupam os hospitais privados que atendem pacientes pelo Sistema Único de Saúde.
Em maio, foi anunciado um corte de R$ 11,8 bilhões na verba do ministério. No fim de julho houve nova tesourada, de R$ 1,18 bilhão.
As entidades já estão fechando as portas. Foram 286 instituições em cinco anos, diz Francisco Balestrin, presidente da associação de hospitais privados do Brasil. "A preocupação é que o ritmo se acelere nos próximos meses."
Os cortes deveriam acontecer em áreas menos sensíveis do que na saúde, afirma.
As Santas Casas, que atendem cerca de metade dos pacientes do SUS, estão entre as mais prejudicadas, diz ele.
Os hospitais precisam pedir ajuda da comunicade para fechar as contas, afirma Edson Rogatti, 64, da Confederação das Santas Casas de Misericórdia do país.
A soma das dívidas das entidades no país chega a cerca de R$ 19 bilhões.
O principal problema é que o SUS paga pouco pelos procedimentos, diz. Para fazer um parto normal, um hospital tem gastos de R$ 1.500, mas o governo paga R$ 580.
Em média, os pagamentos do governo representam cerca de 60% dos custos. A tabela não tem reajustes há dez anos, afirma Rogatti.
Com a inflação e aumentos na conta de luz de 2015, a situação piorou muito, diz.
O medo dele é que no fim do ano haja um colapso no atendimento aos pacientes do SUS na rede privada.
NO VERMELHO
A Santa Casa de Franca, que atende pacientes de 22 municípios iniciou neste mês um contingenciamento de 10% das despesas para tentar manter as contas no azul.
As medidas incluem a redução de honorários médicos e a demissão de 126 funcionários –quase 7% do total de 1.800 contratados.
"Tentamos reduzir os gastos em R$ 1 milhão por mês", diz o presidente, José Cândido Chimionato.
Na Santa Casa de Cuiabá, que tem 280 leitos, 83% dos atendimentos são pelo SUS.
"Somos muito mais dependentes dos repasses públicos que os 60% recomendados para que uma gestão filantrópica sobreviva", afirma Antônio Preza, presidente da Santa Casa de Cuiabá.
A entidade busca um financiamento com a Caixa Econômica para quitar as dívidas, que somam R$ 50 milhões, dos quais R$ 18 milhões são com fornecedores.
Muito menor, o hospital de Palmital (SP) também enfrenta problemas de solvência.
O gestor Edson Rogatti afirma que 90% dos pacientes dele são do SUS, e que para conseguir atender, precisa pedir ajuda "vendendo rifa e fazendo bingo" na cidade.
Setor deve receber R$ 48,4 bi nos próximos anos, diz banco
O segmento de papel e celulose, um dos únicos do setor produtivo a ter números para comemorar, deverá receber cerca de R$ 48,4 bilhões em investimentos no Brasil nos próximos anos, segundo levantamento do banco Itaú.
O resultado positivo do setor se deve à demanda por exportação dos produtos.
O Mato Grosso do Sul deverá ser o Estado destinatário do maior volume de investimentos (54%), seguido pelo Paraná (15%), Rio Grande do Sul (10%), Tocantins (10%) e São Paulo (8%).
A pesquisa do banco Itaú, que não precisa em quantos anos ocorrerá o aporte de recursos, baseou-se em projetos divulgados pelas empresas. Em 2014, o investimento no setor foi de R$ 8,4 bilhões.
"As exportações de celulose vêm crescendo de forma acelerada e a depreciação cambial deve estimular a tendência", afirma Paula Yamaguti, economista do banco.
"A desaceleração da China, porém, poderá reduzir a demanda", lembra. No curto prazo, o segmento de papéis deverá ser afetado pela retração doméstica.
"O setor tem inaugurado quase uma fábrica por ano", diz Victor Penna, do Banco do Brasil. "A Bolsa cai mais de 5% neste ano, enquanto há papéis do setor com alta superior a 50%."
QUASE SEM ESTOQUE
A Eldorado Brasil, produtora de celulose, anuncia nesta terça-feira (18) ao mercado que bateu um novo recorde de produção mensal em julho, ao atingir 152.182 toneladas –média diária de 4.909 toneladas.
A fábrica da Eldorado Brasil em Três Lagoas (MS) tem capacidade nominal de produzir 1,7 milhão de toneladas por ano.
"Estamos trabalhando a 110% da capacidade do projeto que fizemos", diz José Carlos Grubisich, presidente da companhia.
"Apesar do bom momento de mercado, estamos atentos a custo e à nossa competitividade no Brasil e no exterior."
Controlada pela J&F Investimentos, que também possui a JBS, a empresa está com menos de 15 dias de estoque "abaixo do nível que consideramos seguro".
A perspectiva segue positiva e o câmbio deverá continuar a ajudar o setor, avalia. "O segmento de papel para escrita e impressão parou de cair e o de papel para higiene e limpeza continua a crescer, principalmente em emergentes."
R$ 385 milhões
foi o Ebitda no segundo trimestre deste ano
R$ 853,8 milhões
foi a receita líquida no período (alta de 54,4%)
Primeira... A Fitch Ratings concedeu no início deste mês grau de investimento à Desenvolve SP (Agência de Fomento do Estado de São Paulo).
...nota A agência poderá levantar recursos com o BID e o Banco Mundial e ampliar o caixa para financiamentos em inovação, por exemplo.
com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e FELIPE GUTIERREZ