Demissões e repasse insuficiente prejudicam Santas Casas (PARTE 2)
20/04/2016
Leia a primeira parte desta matéria em: www.revistahospitaisbrasil.com.br/noticias/demissoes-e-repasse-insuficiente-prejudicam-santas-casas-parte-1
Por Carol Gonçalves
REPASSES
Independentemente de problemas na gestão dos recursos, o repasse do SUS às instituições filantrópicas sempre foi insuficiente para cobrir gastos com assistência à saúde. De acordo com o Diretor-Presidente da Fehosp – Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Edson Rogatti, a dívida acumulada, consequência da defasagem da tabela e outras dificuldades, alcançou os R$ 17 bilhões em 2014, divididos entre débitos com fornecedores, funcionários, bancos e órgãos públicos. Estima-se que este ano chegue aos R$ 22 bilhões.
Nos estados, ele diz que os gestores estão fazendo cortes de até 30% na contratação de serviços de saúde, prejudicando os atendimentos, a manutenção e a gestão dos hospitais que atendem o SUS. “Os valores da tabela de procedimentos pagos às instituições que atendem pacientes do SUS estão defasados em até 60%. O custo de uma sessão de psicoterapia individual é de R$ 50 nos planos de saúde suplementar. Na tabela, o hospital que realiza este procedimento recebe R$ 2,55 do Governo Federal”, aponta.
Como representante da Fehosp, Rogatti vem lutando diariamente junto com as outras federações por um reajuste nos valores expressos na tabela SUS. “As Santas Casas e os hospitais filantrópicos sempre buscaram a excelência na administração e, neste momento de crise, a gestão hospitalar deve ser trabalhada com mais afinco e se torna mais essencial.”
Como solução para a situação, a entidade propõe aplicar de maneira estratégica os poucos recursos que há e também desenvolver projetos de captação para aumentar a verba. “Se não houver mudanças, em longo prazo muitas Santas Casas estarão sob intervenção ou fechando, e outras, ainda, vão diminuir o atendimento”, expõe.
Procurada pela redação, a administração da Santa Casa não respondeu aos questionamentos, mas divulgou na mídia que foram demitidos profissionais que não tinham mais interesse em trabalhar na instituição, funcionários ociosos e servidores com salários incompatíveis com as funções que realizava.
GRUPO DE TRABALHO
O Ministério da Saúde deve criar um Grupo de Trabalho para estudar maneiras de minimizar a crise nas Santas Casas. A decisão foi tomada pelo Ministro da Saúde, Marcelo Castro, após reunião com a CMB – Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, o BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o grupo de senadores que apoiam o movimento em prol dessas instituições.
Castro reconheceu a importância das Santas Casas e hospitais filantrópicos para o funcionamento do Sistema de Saúde, mas ressaltou os problemas orçamentários enfrentados no momento. Ele disse que fará o possível para não faltar com os compromissos com o setor, mas pediu a ajuda dos parlamentares para reforçar as negociações no Congresso Nacional.
O ministro informou, ainda, que a pasta não tem condição de se comprometer com nenhuma nova despesa, uma vez que deve chegar ao final de dezembro com um déficit orçamentário de R$ 3,6 bilhões. Os senadores demonstraram preocupação com a crise da Saúde e ressaltaram a importância de discutir formas de sanar os problemas.
(Continua…)
Revista Hospitais Brasil