DF e 18 estados têm menos leitos de UTI na rede pública do que o recomendado.
17/05/2016
BRASÍLIA — Das 27 unidades da federação, 19 têm menos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública do que o recomendado pelo Ministério da Saúde. A maioria desses estados está no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas a lista inclui também o Rio de Janeiro e Santa Catarina, onde há menos de um leito de UTI para cada 10 mil habitantes. Isso ocorre mesmo havendo, nos últimos cinco anos, um crescimento de 7.500 leitos em todo o Brasil. O país, inclusive, fica apenas no limite, com um leito público para 10 mil brasileiros. O levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), com base em dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde.
Entre as capitais, três não atingem esse índice: Macapá (0,57), Boa Vista (0,94) e Brasília (0,96). O Rio de Janeiro é a quarta capital com pior índice: 1,04, um pouco acima do mínimo recomendado. Em Brasília e no Rio, há um contraste muito grande com a rede privada. Essas cidades têm alguns dos melhores índices quando se leva em conta apenas os estabelecimentos particulares: 8,22 e 8,1 respectivamente.
Entre os estados, o melhor índice é do Paraná: 1,38 leito de UTI na rede pública para cada 10 mil habitantes. Em seguida, vêm Rio Grande do Sul (1,35), Minas Gerais (1,24), São Paulo (1,17), Espírito Santo (1,08), Rondônia (1,03), Sergipe (1,03) e Pernambuco (1,01). São os únicos a cumprir uma portaria do Ministério da Saúde editada em 2002. O pior caso é do Amapá: 0,34. No estado do Rio, há 0,78 leito de UTI para cada 10 mil habitantes.
Parte do levantamento já tinha sido divulgado no domingo pelo "Fantástico", da TV Globo. Dos 5.570 municípios brasileiros, a grande maioria — 5.065 — não tinha leitos de UTI nem públicos nem privados. Dos quase 41 mil leitos que há no Brasil, metade está no SUS e o restante na rede privada, que atende apenas um quarto da população. Há também uma grande concentração nas capitais e regiões metropolitanas, que respondem 69% dos leitos do SUS e 81% dos leitos na rede privada.
“Todos os dias nós médicos testemunhamos a morte de pessoas que poderiam ser salvas pela disponibilidade de um leito de UTI. Para os governos, quando um paciente morre, trata-se apenas de mais um número. Para a família, no entanto, é uma tragédia”, criticou o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Ribeiro, por meio da assessoria de imprensa.
Jornal O Globo