COMO BAIXAR O CUSTO DA SAÚDE
22/08/2017
A chegada dos boletos dos planos de saúde que atendem a família tem causado, nos últimos três meses, dissabores ao advogado Carlos Alberto Azevedo Júnior. Os aumentos informados pelas operadoras oscilaram entre 20% e 28%, acima da inflação de 3% acumulada até junho, medida pelo IPCA. “Foi um susto, mas não dá para abrir mão do plano.” No Brasil, uma em cada quatro pessoas tem plano de saúde. A alta dos custos médicos tem sido atribuída, em boa medida, ao modelo de remuneração praticado por hospitais e operadoras no Brasil. O hospital é livre para escolher os materiais e procedimentos que julga necessários ao paciente durante a internação. A conta é entregue aos pacientes particulares e aos planos de saúde, que repassam os custos aos titulares dos planos e às empresas que oferecem o benefício. O desafio é encontrar uma alternativa.
Uma das propostas promissoras é uma metodologia que classifica os pacientes não apenas por tipos de enfermidade, mas também por níveis de gravidade, batizada Diagnosis Related Group, ou DRG. Ela permite prever melhor os recursos que cada paciente vai consumir. “Imagine duas pacientes, com 18 e 90 anos, internadas na emergência para uma cirurgia de vesícula. A jovem terá necessidades de internação e riscos diferentes da outra paciente”, explica o médico Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. O hospital usa a ferramenta desde 2004. Outros 17 hospitais já a adotaram no Brasil.
A estratégia foi abordada no seminário Saúde pública e suplementar: um único sistema, o primeiro da série de três debates sobre Novos Modelos para Saúde, organizado na semana passada, no Rio de Janeiro, pelo jornal O Globo, com apoio de ÉPOCA e patrocínio da Amil. “Entre 2008 e 2013, o gasto médio com internação quase dobrou, devido ao gasto com material e medicamento”, diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar. Segundo ele, estudos americanos mostram que o DRG pode baixar os custos pela metade em três anos. “Nos países que não adotam DRG, a inflação médica tem sido bem maior que a inflação média”, diz Carneiro.
Fonte: Época