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SANTA CASA DE ARARAQUARA FAZ NOVE CAPTAÇÕES DE ÓRGÃOS EM 12 MESES

No Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado nesta quarta-feira (27), hospital reforça o apelo para que as famílias autorizem as doações

A Santa Casa de Araraquara fez nove captações de órgãos entre setembro de 2022 e agosto deste ano. O número é considerado baixo quando comparado aos potenciais doadores que não fizeram o procedimento por decisão de familiares.

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, sete em cada 10 famílias não autorizaram doações no estado de São Paulo entre janeiro e junho deste ano, ou seja, 70% dos casos.

A enfermeira Rita de Cássia Ruis Mondini, coordenadora das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) da Santa Casa, disse que, apesar dos acessos facilitados, há muita informação “desalinhada” e “errada” a respeito da doação. Segundo ela, datas, como o Dia Nacional de Doação de Órgãos, celebrado nesta quarta-feira (27), são fundamentais para a conscientização das pessoas.

“Há famílias que acham que a doação pode ‘agredir a integridade’ do ente querido, por isso é tão importante o acolhimento familiar e mais importante ainda falarmos para nossos familiares que somos doadores de órgãos e tecidos”, disse a profissional.

Na Santa Casa, as captações de fígado, rins e córneas são as mais comuns. Todos os procedimentos são acompanhados pela OPO (Organização de Procura de Órgãos) de Ribeirão Preto, que faz a ‘ponte’ entre doadores e receptores.

Para que o transplante tenha maiores chances de sucesso, antes do procedimento, um médico avalia o histórico clínico e as doenças associadas de cada paciente, além da compatibilidade sanguínea.

“Seguimos uma série de documentação que devemos preencher para validar a seriedade do processo, bem como a saúde de cada órgão. […] Não conhecemos e nem sabemos a procedência dos receptores”, pontuou a enfermeira do hospital.

As doações de órgãos, como coração, pulmão, fígado e intestino, só podem ser realizadas no caso de morte cerebral do paciente. Até esta conclusão, são realizados dois protocolos clínicos, além de um exame complementar de imagem.

Todos os procedimentos realizados na Santa Casa são acompanhados pela OPO (Foto: Milton Filho/ acidade on)

O processo, desde a confirmação da morte até a captação dos órgãos, leva em média 48 horas. Neste período, o paciente é mantido estável.

Rita Mondini explicou que é neste momento, entre os protocolos médicos e o resultado, que a família é acolhida pelo hospital para manifestar o interesse entre a doação ou não dos órgãos.

“A gente sempre conversa com os familiares junto ao psicólogo. Se por acaso a família se recusa, a lei faz referência ao desmame das drogas e ao suporte respiratório espontâneo até a evolução à morte natural”, explicou.

DOAÇÕES DE ÓRGÃOS NO BRASIL

No Brasil, aproximadamente, 60 mil pessoas estão na lista de espera por um transplante, de acordo com o SNT (Sistema Nacional de Transplantes) do ministério da Saúde. A maioria, cerca de 37 mil pessoas, aguarda por um rim.

Segundo o nefrologista Henrique Carrascosi, no caso da doença renal crônica em estágio avançado, por exemplo, pode ser imprescindível um transplante para a vida do paciente.

“É essencial que haja conversas com a família sobre a decisão, mesmo que a informação esteja registada em documento oficial, pois após o falecimento, os familiares sempre serão os responsáveis por autorizar o transplante dos órgãos”, justificou o médico.

A coordenadora das UTIs da Santa Casa seguiu o mesmo argumento e defendeu que o paciente manifeste em vida o desejo de ser um doador. “Que relatem esse desejo para todos os seus familiares, que possam ser gratos por suas vidas dessa maneira. Não existe prova de amor maior. Doe órgãos, doe vida”, concluiu.

DOAÇÃO EM VIDA

Além da doação por morte cerebral, alguns órgãos podem ser doados em vida entre pessoas da mesma família, como um dos rins e parte do fígado, pulmões e medula óssea, desde que o doador seja maior de idade e juridicamente capaz. No caso de doação entre não aparentados, é preciso autorização judicial.