Dilma diz que microcefalia pode ser doença de dimensão nacional
Segundo a presidente, microcefalia no Brasil é 1º caso de grande proporção. Ela disse que governo fará ação de guerra contra vetor do vírus zika.
A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado (5), em visita ao Recife (PE), que a microcefalia "está se caracterizando" como uma doença com "dimensão nacional". A petista esteve em Pernambuco para lançar um plano de ação contra o zika vírus, que está associado à rápida elevação dos casos de crianças nascidas com má formação do crânio.
Em entrevista coletiva, Dilma disse que a transmissão acelerada do zika vírus não deve ser motivo para “pânico”, mas cobrou “grande atenção”, para combater o vetor do vírus, que é o mosquito Aedes aegypti (o mesmo que transmite a dengue). Segundo Dilma, o governo vai promover uma “ação de guerra” para evitar a proliferação do zika e pediu união para que haja uma “mobilização nacional”.
“O que é a nossa principal preocupação é que isso possa caracterizar e está se caracterizando uma doença com dimensão nacional. Não acho que deve ser uma questão de pânico, mas tem que ser de grande atenção. É uma doença bastante complicada porque afeta crianças, que são o futuro do Brasil”, disse a presidente Dilma, que se reuniu com governador de Pernambuco e o prefeito do Recife para lançar um plano de ação contra o zika.
Dilma afirmou ainda que a ocorrência da microcefalia no Brasil é o primeiro caso de grande proporção detectado no mundo. "Foram detectados esse ano de 2015 casos que levam os especialistas em saúde pública a fazerem correlação entre o zika e o aparecimento acima dos níveis normais da microcefalia. Isso, em termos de saúde pública, é o primeiro caso claramente em grandes proporções detectado no mundo. Já havia alguma relação feita na Polinésia Francesa, na Micronésia, nas ilhas daquela região. Mas aqui no Brasil ganhou uma proporção bastante elevada."
Entre as medidas anunciadas pela presidente está um centro de reabilitação para as crianças que nasceram com microcefalia. "Não acho que deve ser um grande pânico, mas de atenção porque ele afeta as crianças, que são o futuro do Brasil".
A presidente destacou que haverá na próxima terça, em Brasília, uma reunião com governadores e prefeitos para discutir estratégias de combate nacional ao mosquito transmissor do zika vírus. "Nós vamos fazer uma reunião com governadores e prefeitos na terça-feira, às 17h, em Brasília. Tem que ter mobilização nacional. E a sociedade tem que se mobilizar, para acabar os processos que levam à água parada."
O zika pertence à família dos vírus da dengue e da febre amarela.Os principais sintomas da doença são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. Apesar das semelhanças, o zika vírus é muito menos agressivo que o vírus da dengue: não há registro de mortes relacionadas à doença. A evolução é benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias.
No entanto, conforme o Ministério da Saúde, os casos de contaminação por zika vírus são a "principal hipótese" para explicar o aumento da ocorrência de microcefalia no país. Até o dia 28 de novembro, foram notificados 1.248 casos suspeitos de microcefalia em 311 municípios de 13 estados e no Distrito Federal. O número representa um aumento de 68,87% em relação ao dado apresentado no último balanço da pasta, no dia 24 de novembro.
Dilma citou o fato de haver mais casos de microcefalia registrados em Pernambuco que em outros estados, mas destacou que a doença está se "espalhando" pelo Brasil. Pernambuco possui mais da metade dos casos registrados no país este ano, com 646 notificações.
"O governo de Pernambuco tem uma estrutura bastante significativa. Temos um número maior de casos, porque a vigilância sanitária aqui é muito ativa. O certo é que ele está se espalhando para vários estados. Estamos dando início aqui em Pernambuco para uma campanha que tende articular governo federal, uma força federal de ataque ao zika, junto com uma força estadual."
A presidente também fez um apelo para que a população de todos os estados contribua para o combate ao mosquito Aedes aegypti. "Qualquer local, por exemplo, resíduos de lixo, pneu velho. Ele reproduz o mosquito. Uma garrafa de plástica velha reproduz o mosquito. É importante que a população saiba que esta é uma ação de guerra contra o mosquito. Não pode ser o dia nacional de combate. Tem que ser cotidiano e permanente", declarou.