São Paulo terá zika vírus e microcefalia, prevê secretário da Saúde do Estado
Em coletiva ao lado de Alckmin, secretário David Uip declarou que população será testada para zika a partir de 2016 e que Estado terá fundo de R$ 50 milhões para combate ao mosquito
Menos de dez dias após o Ministério da Saúde confirmar a relação do zika vírus com a incidência de microcefalia, os casos de recém-nascidos com essa má-formação do cérebro já somam 1.248, espalhados em 311 municípios do Brasil. Apesar de a maioria das ocorrências estar concentrada no Nordeste, o vírus tem se espalhado pelo País.
Por isso, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (7), o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o secretário da Saúde, David Uip, divulgaram um plano estadual de combate ao Aedes aegypti, mosquito que, além de transmitir o zika vírus, também é responsável pela dengue e pela febre chikungunya.
No Estado, dois casos autóctones (quando a doença é contraída dentro do município) de zika vírus foram confirmados no primeiro semestre, nas cidades de Sumaré e em São José do Rio Preto. E apesar de no momento, de acordo com a Secretaria, não haver circulação do vírus no Estado, David Uip afirma que esse cenário deve mudar em breve. "Eu posso afirmar que nós vamos ter zika vírus, sim, em São Paulo, e que também teremos microcefalia causada pelo vírus", declarou o secretário.
Para combater a doença, o Estado irá mobilizar policiais militares, homens da Defesa Civil e 500 agentes comunitários de saúde. Se houver necessidade, o Exército também poderá ser acionado. Além disso, será criado um comitê com diversas secretarias. Em áreas públicas, serão supervisionados locais que possam ser criadouros do Aedes aegypiti. Ainda não se sabe se haverá fiscalização dentro das residências. "Talvez iremos preparar um projeto estadual para isso. Vamos avaliar junto à Procuradoria-Geral do Estado. Se houver necessidade, aí sim prepararemos uma lei", afirmou Alckmin. Segundo levantamento da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), 80% dos criadouros do mosquito se encontram nas casas.
No plano de combate também será integrado um fundo estadual de R$ 50 milhões, para o enfrentamento das arboviroses – chikungunya, dengue e zika vírus. Será criada também uma rede para detectar de forma precoce a circulação do zika vírus no Estado. "Amostras de soro colhidas até o terceiro dia de sintomas de pacientes com suspeita de dengue que tiverem o resultado do exame negativo para a doença serão testadas posteriormente para detecção de fragmentos de genoma do zika vírus", afirmou a Secretaria do Estado em nota.
Para casos suspeitos de zika vírus, já é feito um teste em diversas regiões do País. Porém, a partir de 2016, o Estado de São Paulo disponibilizará outra avaliação confirmatória para a doença, por meio do Instituto Adolfo Lutz. O teste de sorologia, pelo método Elisa, permite detectar anticorpos no sangue mesmo após a fase aguda da infecção – ele já é usado para suspeitas de dengue. O exame estará disponível para a população a partir de 2016.
Quem terá prioridade nos tratamentos contra as três doenças são mulheres grávidas, pacientes que têm os sintomas, doadores de sangue e quem passou por transplante de órgãos.