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Fiocruz testa mosquito infectado por bactéria que detém a dengue

Micróbio é transmissível sexualmente por machos da espécie ‘Aedes aegypti’ e impede que vírus se desenvolva

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), estão liberando no meio ambiente ovos de Aedes aegypti contaminados com uma bactéria que impede o mosquito de transmitir a dengue.
 

A operação é uma nova etapa do projeto científico “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, que desde setembro de 2014 libera mosquitos adultos infectados pela bactéria. A intenção dos pesquisadores ao deixar os ovos contaminados eclodir é favorecer a adaptação do mosquito ao clima da região em que vai viver. O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que essa é uma das pesquisas mais promissoras para o combate ao Aedes aegypti, que transmite também zika e chikungunya.
 
“O mosquito, quando contaminado por essa bactéria, perde a capacidade de transmitir a dengue. E admite­se que isso ocorra com zika e chikungunya também. Quando o mosquito macho contaminado cruza com a fêmea, transmite a bactéria. É uma DST (doença sexualmente transmissível) de mosquito que vamos espalhar”, brincou o ministro no lançamento da campanha “10 Minutos Salvam Vidas”, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio.
 
A bactéria wolbachia está presente na maioria dos insetos, como o pernilongo, e foi introduzida em ovos do Aedes aegypti por microinjeção. Se a fêmea estiver contaminada, a prole já terá a bactéria, que passa a ser transmitida naturalmente de geração em geração. Se apenas o macho estiver infectado, os ovos que ele fertilizar não eclodem. “Os mosquitos utilizados não são estéreis nem sofrem modificação genética. O objetivo não é reduzir a população de mosquitos, mas substituir a população que já existe no local por mosquitos Aedes com wolbachia”, explicou o pesquisador Luciano Moreira, coordenador científico do projeto.
 
Adaptação. Os primeiros insetos adultos contaminados com wolbachia foram liberados na favela de Tubiacanga, na Ilha do
Governador, zona norte do Rio. Ao fim de 20 semanas, 65% dos mosquitos capturados na região tinham a bactéria. Logo depois houve redução dessa população de mosquitos. Os pesquisadores acreditam que isso ocorreu pela dificuldade do mosquito nascido em laboratório para se adaptar ao clima do bairro. Os especialistas passaram a instalar pequenos recipientes de plástico com ovos contaminados com wolbachia.

Esses potes são deixados nas casas de moradores voluntários, onde os ovos eclodem. Outras casas da vizinhança recebem dois tipos de armadilhas – uma para capturar mosquitos adultos e outra para recolher ovos e larvas. Os pesquisadores querem saber qual a proporção de insetos, ovos e larvas contaminados. Os testes com os ovos também estão sendo feitos no  bairro de Jurujuba, em Niterói, na região metropolitana do Rio.