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Crise econômica afeta o setor de hospitais privados

A rede hospitalar privada passa por um dos momentos mais difíceis da sua história

O último grande investimento da iniciativa privada feito em Salvador, o Hospital da Bahia, localizado na Avenida Magalhães Neto, data de 2006. De lá para cá o setor vem amargando crises sem precedentes, culminando com o fechamento do Hospital Espanhol, uma das mais antigas e tradicionais instituições de saúde do Estado.
 

Sem isenções fiscais e os benefícios tributários  que são concedidos pelos governos municipais estaduais e federal aos demais empreendimentos privados no País, a rede hospitalar privada passa por um dos momentos mais difíceis da sua história. “Uma equação que não fecha e ganha um Prêmio Nobel quem encontrar uma solução com a atual conjuntura de política econômica para o setor”,desafia o presidente da Federação Baiana de Saúde (Febase), Marcelo Moncôvo Britto.
 
 Para Moncôvo, o setor hospitalar privado passa por três dificuldades difíceis de serem superadas enquanto não se mudar a atual política econômica: a dificuldade de obter uma linha de crédito e financiamento, a ausência de quaisquer políticas de incentivos fiscais e isenções tributárias, e a baixa remuneração dos serviços. “Hoje empregamos 2,5 milhões de trabalhadores em todo o País e respondemos por 9,5% do produto Interno Bruto (PIB), mas falta decisão política para viabilizar o setor”, diz.
 
 Igual posição tem o presidente do Sindicato  dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Estado da Bahia (Sindihosba), Raimundo Carlos de Souza  Correis. Para Correia, falta decisão política para alavancar os investimentos e benefícios fiscais e tributários ao setor. “Faz-se com os diversos setores da economia, mas o setor hospitalar não tem nada que estimule o empresariado a investir. Por isso vivce essa situação de crise”, disse.
 
Equação
 
Para o presidente da Febase, Marcelo Moncôvo,  os hospitais privados, em que pese a sua importância no complemento da saúde pública em todo o país, são tratados sem quaisquer diferenciação fiscal ou tributária. “Quando vão implantar uma indústria, uma montadora de automóveis, um condomínio residencial, dá-se isenção fiscal, e os financiamentos são a juros subsidiados. Já com os hospitais privados nada disso acontece”. diz.
 
Segundo ele, o que os empresários do setor buscam é a abertura de linhas de créditos, com prazos e taxas, a exemplo do que acontece com outros setores da economia. Ao mesmo tempo ele cobra a adoção de uma política tributária de benefícios e incentivos. “Nós pagamos de impostos e tributos  o mesmo que uma lojinha de carregamento de tonner para impressoras. Mas uma fábrica tem todo incentivo dos governbos municipais, estaduais e federais para se instalarem”, afirma.
 
Para completar o que ele chama de “tripé negativo”, a remuneração pelos serviços prestados, quer seja pela tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) quer pelos planos de assistência médica, não cobrem os custos dos hospitais.Segundo ele, é uma equação que não fecha, “porque as seguradoras de saúde não querem assumir os custos. Os segurados não admitem reajustes, mas os hospitais têm que prestar serviços que não são devidamente remunerados.”
 
Com essa situação, como explicou, as instituições vão diminuindo as ofertas de serviços prestados, restringindo o atendimento por falta de funcionários, e perdendo a qualidade no atendimento porque não dispõe de recursos para renovação das instalações, dos equipa,mentos e contratações de mais mão de obra. “Hoje é comum nessas instituições a frase que se tornou célebre nos nossos dias que é a de não haver vagas ou de que os serviços vão demorar várias horas  para serem prestados. É esse o atual quadro da saúde privada no Brasil”, conclui Moncôvo.