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Pote de ouro

Na próxima sexta-feira, dia 18 de dezembro, a Santa Casa de Jales vai inaugurar a ampliação do setor administrativo.

Trata-se de dois novos pavimentos erguidos ao custo de R$ 450 mil, recursos estes decorrentes de emenda do deputado federal Rodrigo Garcia (DEM), algo em torno de R$ 300 mil, e outros R$ 150 mil saídos do próprio caixa do hospital. 
 

A nova ala vai desafogar o congestionado espaço onde trabalham os funcionários da administração, liberando a parte hoje utilizada para  a eventual implantação de consultórios e novos leitos.
 
A inauguração de sexta-feira nos remete a um outro fato recente e que merece uma necessária reflexão por parte dos leitores. 
Ao discursar no café da manhã comemorativo ao 57º aniversário da Santa Casa, dia 27 de novembro, quando aproveitou a oportunidade para fazer uma mini-prestação de contas de seus quatro anos à frente do hospital, o provedor José Pedro Venturini deixou a plateia absolutamente perplexa.
Em determinado trecho de sua fala, o provedor cunhou uma frase que causou quase um estupor nos que o ouviam.

Segundo ele, “o SUS é um pote de ouro”.
 
O impacto foi grande — e não poderia ser diferente — porque, até onde a vista alcança, 10 entre 10 gestores de hospitais filantrópicos debitam na conta do SUS a culpa pelas finanças deterioradas de suas instituições.
 
Quase todos dizem que a remuneração oferecida pelo Sistema Único de Saúde fica muito abaixo do valor real, o que concorre decisivamente para o esfacelamento de suas contas.
 
Neste sentido, Venturini tornou-se uma solitária exceção, mas para que ninguém pensasse que  tinha ficado doido, ele deu as explicações para pronunciamento tão inesperado.
 
Segundo ele, embora seja verdade que o SUS cobre apenas 60% do tratamento dispensado aos pacientes que, no universo da Santa Casa, representam 70% da clientela, é graças a essa condição de hospital filantrópico que a instituição  tem acesso a outros benefícios.
 
Por exemplo, nos últimos quatro anos, o hospital recebeu R$ 5 milhões do governo sob a forma de emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento da União por deputados com atuação na região de Jales.
 
Por outro lado, também por conta de ser instituição filantrópica sem fins lucrativos, a Santa Casa ganha a simpatia da população, que se traduz em doações e participação em eventos como shows, sorteios de carros , doações. Tudo isso representou o ingresso nos cofres da instituição de R$ 3 milhões e 200 mil nos últimos tempos.
 
Didaticamente, o provedor lembrou que, embora a grande maioria fale mal do SUS, até grandes hospitais particulares fazem questão de manter vínculos com o Sistema que, no caso deles, paga muito bem aos chamados procedimentos de alta complexidade.
 
Enfim, diante dos números apresentados, não há como discordar da afirmação do provedor segundo a qual o SUS é o tal pote de ouro.