Bebê com microcefalia deve ter atendimento até 3 anos
Protocolo de ministério inclui acompanhamento de médico e fisioterapeuta
Não há verba adicional prevista para a ação; líquido da placenta e da medula do bebê será coletado para exames
Crianças com microcefalia deverão ser encaminhadas para atendimento e estimulação precoce durante os primeiros três anos de vida.
A medida integra um protocolo elaborado pelo Ministério da Saúde diante da proliferação de casos no país.
As ações incluem o registro de todas as gestantes com sintomas do vírus zika, o aumento de testes de gravidez e a coleta de sangue da placenta após o parto.
A compra de cerca de 10 milhões de testes rápidos de gravidez e a oferta de exames auditivos custarão R$ 29,8 milhões. Para outras medidas, não está previsto valor extra.
Segundo o boletim mais recente do ministério, divulgado na última terça-feira (8), o Brasil tinha registrado 1.761 suspeitas de microcefalia nos últimos quatro meses.
O governo relaciona o avanço dos casos ao vírus zika, identificado neste ano.
O período de 0 a 3 anos de idade é crucial para o desenvolvimento de crianças com microcefalia, de acordo com especialistas.
Segundo o ministério, o atendimento nessa faixa etária deverá envolver uma equipe com médicos, fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
O atendimento deve ocorrer em centros de reabilitação, como as Apaes, ambulatórios nas maternidades e unidades básicas de saúde.
Não estão previstas verbas extras para esses serviços, além das já repassadas atualmente. “Não vemos nesse momento motivo para isso [aumentar o repasse], mas, se for solicitado mais adiante, não há problema”, disse o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Alberto Beltrame.
Segundo ele, o sucesso da intervenção vai depender do grau da má-formação. “Essas crianças tenderão a ter um desenvolvimento mais retardado que as outras crianças. Qualquer criança com surdez congênita terá dificuldades adicionais.”
Como a Folha divulgou na última semana, alguns dos bebês com suspeita de microcefalia têm apresentado lesões oculares ou cegueira. Outros têm tido problemas auditivos.
Diante disso, o ministério anunciou que 737 maternidades serão equipadas para oferecer o exame Peate, que servirá para verificar danos à audição dos bebês. ‘INFELICIDADE’ Famílias que tiverem bebês com suspeita de microcefalia devem receber apoio psicológico, disse o secretário, que chamou os casos de microcefalia de “infelicidade”.
“Talvez esse seja um dos itens mais importantes do cuidado que podemos prover a essas gestantes que terão a infelicidade de um caso na sua família de uma criança microcéfala”, afirmou.
Ele orientou as grávidas com sintomas de zika, como manchas vermelhas no corpo, a procurarem imediatamente um serviço de saúde.
Todos os casos deverão ser registrados na caderneta da gestante. Ainda segundo Beltrame, profissionais de saúde devem fazer busca ativa de grávidas para que elas iniciem o pré-natal o quanto antes.
Mulheres que tiverem detectado, por meio de exames, alguma alteração no feto devem ter prioridade no atendimento para o parto. Não há recomendação de cesariana.
A identificação da microcefalia continuará levando em conta a medida da cabeça de 32 cm no caso de bebês não prematuros. A medição deve ser feita logo após o parto e repetida em até 48 horas.
O protocolo orienta que sejam coletadas amostras de placenta e sangue do cordão umbilical e da placenta, líquido da medula do bebê e sangue da mãe para investigar a origem dos casos e possível ligação com o zika.
Segundo o secretário, mães com sintomas do vírus não devem parar de amamentar. Entre 32 e 33 cm “casos intermediários” Menor ou igual a 32 cm* Criança com microcefalia Somente para partos não prematuros* Em todos os casos, bebê passará por tomografia para verificar possíveis complicações.