Suspeitas de microcefalia sobem a 2 mil em 549 cidades
Em pouco mais de três meses, o Brasil já registra 2.165 casos suspeitos e 134 confirmados de bebês com microcefalia –má-formação do cérebro– ligada ao vírus zika.
Os registros estão em 549 municípios de 19 Estados e do Distrito Federal. O Ministério da Saúde considera que os casos estão relacionados ao vírus zika, identificado no país neste ano e cujos sintomas foram relatados por parte das mães dos bebês durante a gestação.
No total houve 2.401 notificações suspeitas de microcefalia até o dia 12 de dezembro. Destes, no entanto, 102 foram descartados após exames ou não apontarem complicações no cérebro ou darem resultado positivo para outras causas habituais de microcefalia, como citomegalovírus e toxoplasmose.Na última semana, havia 1.761 bebês com suspeita de microcefalia em 13 Estados e no Distrito Federal.
Os novos Estados incluídos no levantamento são Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul.O Nordeste ainda concentra cerca de 90% dos registros. A lista é liderada por Pernambuco, com 874 casos suspeitos e 29 confirmados. Em seguida, vêm a Paraíba, com 322 casos suspeitos e 19 confirmados, e a Bahia, com 316 em investigação.
O balanço também aponta 26 mortes suspeitas ligadas à microcefalia e uma confirmada – caso de um bebê no Ceará, que morreu minutos após o parto e cujos exames apontaram pela primeira vez sinais de infecção pelo zika.
Cenário incerto
Apesar de os números de casos suspeitos de microcefalia continuarem a crescer, é possível identificar uma diminuição no ritmo de crescimento dos registros no país.Segundo o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Cláudio Maierovitch, dois fatores podem explicar o cenário.
O primeiro é que, após as primeiras semanas, equipes de saúde passaram a ter mais facilidade em identificar os casos realmente suspeitos da má-formação, descartando outros mais rapidamente Outra possibilidade é que já estejamos próximos do pico dessa doença e que, em seguida, tenha uma estabilização e comece a cair. Não temos hoje como saber se é uma coisa ou se é outra”, destacou.
Maierovitch afirmou que cuidados para evitar novas infecções pelo zika devem ser redobrados nas viagens de fim de ano. Hoje, o vírus tem circulação confirmada em 18 Estados.
Falta de repasse pode interromper serviços de saúde, dizem conselhos
O Conselho Nacional de Saúde e entidades ligadas às secretarias estaduais e municipais de saúde alertaram o governo federal que podem interromper serviços essenciais caso repasses de dezembro não sejam realizados.
Em oficio protocolado junto à Casa Civil e encaminhado aos ministros da Saúde e de Governo, o CNS, vinculado ao Ministério da Saúde, o CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) afirmaram que a falta dos repasses acarreta “possibilidade concreta de paralisação” de serviços essenciais. Entre eles, “serviços ambulatoriais e hospitalares, serviços especializados de alta complexidade, ações de atenção primária e de agentes comunitários de saúde”.
Segundo o ofício, o repasse, previsto em cronograma de desembolso do Ministério da Saúde e que ainda não foi efetuado, atinge o valor de R$ 6 bilhões.
Procurado, o Ministério da Saúde afirmou que até agora não há nenhum tipo de atraso, pois os repasses são feitos apenas no último dia do mês.