Sobe para 1.248 casos suspeitos de bebês com microcefalia em 14 Estados
Em um avanço inédito, o país já registra 1.248 casos suspeitos de microcefalia, má-formação do cérebro que pode trazer sequelas ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança.
Os registros já ocorrem em 311 municípios de 14 Estados, segundo boletim atualizado do Ministério da Saúde divulgado nesta segunda-feira (30).
O aumento de casos tem surpreendido o governo e profissionais de saúde. Para comparação, na última semana, o boletim apontava 739 casos –um aumento de 68%. Segundo o Ministério da Saúde, o avanço na epidemia está ligado ao agente tido como causador da complicação em gestantes, o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
No sábado (28), após resultado de exames em um recém-nascido diagnosticado com a má-formação, o governo confirmou a relação com o vírus. Antes, análise de amostras coletadas em gestantes já apontavam indícios da relação.
Entre os Estados, Pernambuco registra o maior número de casos, com 646 registros em investigação. Em seguida, estão Paraíba, com 248 ocorrências, Rio Grande do Norte, com 79, e Sergipe, com 77. Também já informam casos Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12), Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1).
De acordo com o Ministério, todos os casos contabilizados no novo balanço se referem a recém-nascidos. Em alguns Estados, no entanto, já há grávidas com fetos foram diagnosticados com microcefalia ainda durante a gestação.
Além do avanço nos registros, o número de mortes de bebês em investigação também cresceu e já abrange sete casos em três Estados. Em um destes casos, o de um bebê no Ceará que morreu após o parto, análise de amostras de sangue e tecidos deram resultado positivo para o vírus zika.
Novos testes devem ser feitos para confirmar a relação com o vírus nos demais bebês. Segundo o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis, Claudio Maierovitch, a confirmação deve mudar os registros que se conhecem sobre o zika vírus, que até então não era relacionado a complicações graves.
O resultado também aponta para um possível cenário de forte crescimento de casos de má-formação nos próximos meses, uma vez que já há confirmação de que o vírus zika circula em 18 Estados desde que foi identificado no país, em maio deste ano.
"Isso significa que conviveremos com esse problema por mais um tempo", afirma o diretor. "Não há medida capaz de interromper abruptamente a circulação do Aedes aegypti e as doenças das quais ele é vetor."
EXAMES
Maierovicth reforça que os casos são tidos como suspeitos e ainda dependem de exames para confirmação. Ele afirma que o governo deve estabelecer nesta semana, em conjunto com secretarias de saúde estaduais, novos critérios para classificação dos casos, de modo a acelerar a confirmação dos registros.
O parâmetro adotado pelo governo para casos suspeitos é de recém-nascidos em que o perímetro da cabeça é menor ou igual a 33 cm (em casos de partos não prematuros). Há situações, porém, em que esse parâmetro pode não estar relacionado ao quadro, verificado após exames. Casos confirmados da má-formação também devem passar por testagem para detectar o agente causador.
"Não significa que [todos os 1.248 casos] estejam associados ao zika. É possível que seja a ocorrência habitual de microcefalia nesses Estados", afirma, em referência às situações em que a complicação é associada a outras doenças, como citomegalovírus e toxoplasmose, por exemplo.
IMPASSES
Ainda de acordo com o diretor, as tecnologias atualmente disponíveis não são capazes de impedir o avanço dos casos de microcefalia na atual escala com que têm sido observados.
O Ministério trabalha com os Estados na elaboração de um plano de ação emergencial. Também devem ser feitos novos protocolos de assistência em saúde para acompanhamento da evolução dos bebês.
Até lá, a pasta aconselha o reforço nas medidas de prevenção ao mosquito vetor, como eliminação de recipientes com água parada. Já gestantes devem usar repelentes (a pasta aconselha aqueles à base de DEET), usar mangas e calças compridas e evitar contato com pessoas com infecções.