Diálogo: Gestão e remuneração são palavras-chave dos debates
14/05/2015
O painel “Modelos de Gestão e Remuneração: os artistas em cena” abriu os trabalhos do segundo dia de Congresso Fehosp em Campinas. A mesa, coordenada por Kátia Ferraz Santana, contou com a participação de Michele Caputo Neto, secretário de Estado de Saúde do Paraná, José Luiz Spigolon, superintendente da CMB, e Wilson Pollara, secretário adjunto da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
Em sua apresentação, Michele contou sobre o programa de apoio aos hospitais públicos e filantrópicos do Paraná e os resultados positivos que foram alcançados. “No nosso Estado não conseguiríamos organizar uma política de saúde na área hospitalar se não fosse pelo apoio bastante firma da filantropia e da nossa parceira Femipa. Nem todo mundo faz a coisa certa todo o tempo, nem todos são parceiros de primeira hora, mas a enorme maioria é. Essa questão do dialogo e da parceria é algo bastante concreto no Paraná”, disse. “A parceria com a filantropia não é só na política de rede, vamos iniciar agora o mutirão paranaense de cirurgias eletivas. Por conta disso, 80% dos recursos que vamos colocar nesse mutirão são com parceiros de base muito forte na filantropia”, completou.
Pollara em sua vez abordou três modelos de gestão, os hospitais próprios, as O.S.S. e os filantrópicos ligados ao programa SUStentáveis. “O subfinanciamento da saúde prejudicou muito as entidades filantrópicas que sobrevivem dos repasses da tabela SUS. Com base nos dados, vimos que 50% dos melhores hospitais do Estado são filantrópicos”, afirmo. De acordo com ele, 56% dos atendimentos SUS são realizados por filantrópicos. “Percebemos que eles estavam todos precisando de ajuda, por isso demos início ao programa Santa Casa SUStentável, que começou com uma ajuda financeira e hoje se transformou em um programa de cooperação mútua entre os hospitais”, explicou. “É preciso tratar de forma simples o simples e de forma complexa o complexo”, completou.
Ainda segundo Pollara, das Santas Casas com menos de 50 leitos, que são 50%, há 30% de ocupação, ou seja, são quase seis mil leitos que não estão sendo usados hoje em dia. “Por isso, a gestão precisa ser compartilhada, os hospitais precisam conversar, e dividir um mesmo sistema de informação”, opinou.
De acordo com Spigolon, o cenário em termos de orçamento federal para a saúde é complicado e traz uma preocupação muito grande. “Temos Estados que estão devendo três competências dos governos anteriores. Um exemplo é o Rio Grande do Sul, que reconhece dois atrasos, diz que não tem recursos e promete pagar até 2018. Como conseguir a sustentabilidade diante de uma economia tão complexa como a que vivemos hoje? Isso coloca em risco a manutenção da filantropia”, desabafou. “Pesa sobre o segmento filantrópico um peso que não dá mais para carregar”, completou. “Precisamos de duas coisas, gestão e financiamento. Mas o primeiro, temos buscado incansavelmente. Já o financiamento está faltando, principalmente da União”, finalizou Michele.