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SUMMIT SAÚDE BRASIL 2017: INOVAR PARA VIVER MAIS
18/08/2017

Futuro incluirá o desafio de unir avanços e acesso

“Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes”, diz em um dos seus parágrafos o famoso Juramento de Hipócrates. Para tratar o doente, nunca tanto como em nossa época os médicos entraram na “casa” da tecnologia. Hoje, o desafio não é apenas construir conhecimento, mas saber usar quantidades fantásticas dele a serviço da Medicina. E além de inovar é preciso garantir o acesso às mudanças, como destacaram os palestrantes do 2.º Summit Saúde Brasil, do ‘Estado’, que contou com 619 participantes.

O evento realizado na segunda-feira no WTC Sheraton, em São Paulo, reuniu palestrantes nacionais e internacionais e discutiu desde gestão de sistemas e judicialização até medicamentos do amanhã em oito painéis. Logo na abertura do evento, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, ressaltou o avanço que será trazido com a informatização de todos os postos de saúde do País.Dados apresentados no Summit indicam que apenas 35% a 40% dos prestadores de serviços de saúde no País utilizam alguma ferramenta digital.

Quando você pensa no futuro, fala de personalização. Já é realidade: você faz um teste, detecta mutações que tem e consegue individualizar o tratamento. Esse é o futuro da medicina”ROLF HOENGER, PRESIDENTE DA ROCHE FARMA BRASIL

Presente no primeiro debate, o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, destacou que as despesas do Ministério da Saúde com ações de média e alta complexidade têm déficit anual de R$ 3 bilhões. Parte seria evitada se a intervenção na doença ocorresse antes. Uip destacou parcerias da secretaria com startups que propõem soluções para melhorar processos internos. “O gestor público precisa progredir.

Os participantes do evento tiveram contato com experiências inovadoras no mundo – com palestras de Jack Kreindler, Francesco Fazio e Summerpal Kahlon – e no Brasil. MayanaZatz da USP, detalhou a análise de dados de 1.324 pessoas com mais de 60 anos que identificou 207 mil mutações genéticas nunca antes descritas na literatura médica.

Mas a grande preocupação dos mais de 30 participantes dos painéis no WTC foi como equacionar inovação, acesso e otimização de recursos, sobretudo em tempos de crise, como ressaltaram representantes do setor público e operadoras.

“Hoje temos uma Medicina de alto custo, alta tecnologia, mas baixo acesso”, resumiu o CEO da Pixeon, Roberto Ribeiro da Cruz. Já Fabrício Campolina, da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde, ressaltou que “falta mais cuidado na maneira como empregamos esses recursos”. Na mesma linha, representantes das empresas destacaram que a inflação médica subiu de uma média de 14,5% para a casa dos 19% nos últimos quatro anos. “Até a década de 1980, nenhum medicamento contra o câncer lançado nos Estados Unidos custava mais de US$ 200. Desde 2008, nenhum remédio do tipo é lançado por menos de US$ 10 mil”, destacou Riad Younes, do Hospital Oswaldo Cruz.

Hoje em dia o paciente tem medo de mergulhar e de se colocar em posição de parceria com seu oncologista, de negociar o que é melhor para ele” Luciana Holtz, PRESIDENTE DO INSTITUTO ONCOGUIA

Luciana Holtz, do Oncoguia, considerou que é essencial que novos remédios venham com o maior acesso pela população. “A palavra-chave de tudo que estamos discutindo é o acesso. É preciso discutir o acesso ao exame, ao especialista, ao tratamento e à equipe multidisciplinar”, afirmou. Nessa linha, fechando esta edição, Mariana Perroni, da IBM, polemiza com a proposta de “Waze” da saúde, ou seja, abrir mão da privacidade para ampliar os conhecimentos médicos.


Fonte: O Estadão