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SUS, SAÚDE SUPLEMENTAR E ELEIÇÕES SÃO TEMAS DE DEBATE DA COMISSÃO ESTADUAL
12/09/2018

A Comissão Estadual de Negociação – composta por integrantes da Associação Paulista de Medicina e de suas Regionais, sociedades de especialidades e outras entidades médicas – realizou reunião na última segunda-feira (10) na sede da APM para debater temas relevantes sobre saúde suplementar e Sistema Único de Saúde e sobre as eleições gerais que ocorrem no próximo mês.

Sobre o primeiro item da pauta, as negociações com os planos de saúde, o diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, João Sobreira de Moura Neto, relembrou os bons frutos do trabalho realizado desde 2012 em relação ao valor das consultas. “Para os procedimentos médicos ainda estamos muito defasados, por isso precisamos sempre traçar estratégias conjuntas para obter melhorias.”

Já Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da APM, reiterou a pauta de negociações do ano e informou que algumas empresas já estão enviando propostas. “Também temos um estudo com o Bradesco e a SulAmérica para pagamento diferenciado em vários procedimentos, o que esperamos ter resultados ainda este ano. Em nossa tradicional reunião de novembro, traremos todos os avanços detalhadamente.”

O ex-presidente e diretor Administrativo da APM, Florisval Meinão, reforçou os avanços obtidos nos últimos anos nos valores de consultas, alguns até acima da inflação. Segundo ele, como o poder na saúde suplementar está concentrado em poucas empresas, algumas de capital internacional, somente com organização e coesão da classe é que serão obtidos novos avanços, especialmente nos procedimentos.

Além das reuniões com os representantes das operadoras de planos de saúde, sobre aumentos na remuneração dos médicos, Marun contou aos presentes sobre encontros que estão sendo realizados entre o presidente da entidade, José Luiz Gomes do Amaral, e os dirigentes de instituições do setor, como a Fenasaúde, a Abramge e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

“Precisamos ter a relação mais produtiva possível com os diversos entes da Saúde. Este tipo de interface é importante, de forma que o médico seja respeitado e tenha seu valor reconhecido”, acrescentou.

 

Franquias e coparticipação

O diretor de Defesa Profissional da APM ainda detalhou sobre a audiência pública realizada pela ANS no último dia 4, na qual ele levou as considerações dos médicos sobre franquias e coparticipação nos planos de saúde: “Apesar de 60% dos planos coletivos empresariais hoje já preverem coparticipação, somos contra a forma como a ANS tentou implementar as novas medidas”.

De acordo com ele, ninguém estava sabendo ao certo como as cobranças iriam funcionar, e a Agência deixou as operadoras ditarem as regras. “Se isso vai realmente ocorrer, a ANS tem a obrigação de informar os usuários, por meio de uma ampla campanha para a população. Caso isso não seja devidamente explicado, gerará uma grande onda de judicialização.”

Em relação aos médicos, o diretor Administrativo da Associação disse que eles ficarão pressionados para pedir exames e outros procedimentos caso os pacientes tenham que arcar com franquias e coparticipação. “Algumas políticas de saúde impactam no trabalho do médico e muitas vezes são discutidas sem a nossa participação, tornando cada vez mais difícil o exercício profissional com a autonomia e respeito que merecemos.”

 

SUS

Sobreira ainda lamentou a situação de sucateamento que se encontra o Sistema Único de Saúde: “Percebemos uma tentativa de terceirizar a saúde pública brasileira, o que a Associação Paulista de Medicina é contra. Lutamos pela valorização do sistema e dos profissionais que nele atuam”.

Neste sentido, Marun recordou as ações em prol do SUS promovidas recentemente, a exemplo de manifestação no Dia Mundial da Saúde e da audiência com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, entre outras.

Na visão de Florisval Meinão, o sistema público padece de grande problema de financiamento, agravado pela PEC do Teto, que limitou os investimentos nas áreas básicas até 2036. “Na prática temos uma redução dos recursos, uma vez que a inflação da Saúde é muito superior aos índices gerais. Nos últimos dois ou três anos, já vem sendo percebida uma piora significativa no SUS.”

 

Eleições 2018

Florisval Meinão também ressaltou a importância do momento atual, pré-eleições, para o movimento médico: “Este é o melhor momento de nos posicionarmos de maneira clara quanto às questões da Saúde. Na próxima reunião da diretoria da Associação, nesta sexta-feira, iremos aprovar um documento com propostas a serem encaminhadas aos candidatos”.

João Sobreira, por sua vez, reafirmou a necessidade de fortalecer a Frente Parlamentar da Medicina. “É importante que cada estado eleja ao menos um representante dos interesses da classe médica, que não necessariamente precisa ser um médico, mas alguém comprometido com as nossas demandas. Tradicionalmente muitos colegas se elegem, mas sem o apoio dos pares, então ficamos sem representação no Congresso Nacional.”

 

Outros temas

Integrantes da plateia ainda citaram outros pontos importantes, como a verticalização na saúde suplementar e as consequências para a atuação profissional; a necessidade de fortalecer a figura e restaurar a credibilidade do médico na sociedade; a gestão do Ministério da Saúde por pessoas não capacitadas, por conta de indicações políticas; e as dificuldades de inserção dos jovens médicos no mercado de trabalho, especialmente na saúde suplementar.

O grande número de faculdades de Medicina, a necessidade de ter um exame para os recém-formados e a revalidação de diplomas para os médicos que estudaram no exterior também foram discutidos.

“Às vezes, queremos tanto ouvir alguma coisa que acabamos acreditando em meias verdades. Isso ocorreu com a recente moratória que suspendeu a abertura de novas escolas médicas, mas que no entanto não modificou a situação das que já estavam autorizadas, e desde então tivemos a abertura de 40 faculdades de Medicina”, declarou o presidente da APM, José Luiz Gomes do Amaral.

Diante de tudo isso, ele prossegue, os médicos devem se mobilizar, estarem abertos a todas as alternativas que aparecerem. “Nossa profissão não vai acabar, a menos que desistamos dela. Não podemos ceder a nenhum governo e temos que melhor trabalhar a imagem dos médicos, por meio de campanhas e projetos em prol da sociedade”, concluiu.


Fonte: APM