COMO MÉDICOS GAÚCHOS USARAM IMPRESSORA 3D PARA RECONSTRUIR CRÂNIO POR R$ 45
18/09/2018
Não é novidade que a impressão 3D anda revolucionando diversos setores, inclusive o da medicina. Ela já foi usada, por exemplo, para criar olho biônico, sustitutos ósseos, órteses para coluna vertebral, pele para feridas.
Agora, médicos do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), no Rio Grande do Sul, usaram a tecnologia para moldar um implante ósseo e reconstituir um crânio.
O homem, de 40 anos, sofreu um acidente automobilístico em março deste ano e perdeu quase a metade do osso da cabeça. Chegou ao hospital em estado gravíssimo e em coma profundo.
"Nos exames, vi que ele tinha um hematoma e estava com o cérebro bem inchado devido ao traumatismo". Fizemos uma craniotomia, que é um procedimento cirúrgico em que um retalho ósseo do crânio é temporariamente removido e colocado na parte (subcutâneo) do abdome para depois reaproveita-lo", disse o médico cirurgião Diogo Trevisan Silveira.
Mas, devido à complexidade do caso e ao tamanho da fratura, o osso do crânio que havia sido removido provisoriamente precisou ser descartado.
Segundo Silveira, na maioria dos casos que envolvem traumatismo craniano, se usa um tipo de cimento ósseo, que geralmente é moldado na hora pela própria mão do médico que conduz a cirurgia. Esse "cimento" serve para proteger o cérebro e cobrir pequenos defeitos.
“É um trabalho bem artesanal e funciona como uma massinha de modelar, que em alguns minutos endurece e você não consegue dar o contorno. Quando a falha óssea é pequena, funciona. Mas, nesse caso, era grande demais e não conseguiríamos reproduzir o contorno do osso do paciente rapidamente”
Após uma semana do primeiro procedimento cirúrgico, realizado com sucesso, o paciente recebeu um implante ósseo totalmente customizado, ou seja, confeccionado com medidas exatas de acordo com as imagens obtidas nos exames de tomografia.
Com a impressora 3D, faz-se um biomodelo (protótipo médico) que é uma cópia do paciente, com as mesmas estruturas vasculares do paciente.
Esta foi a primeira vez que um procedimento cirúrgico assim foi feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Gastamos com o material incluso, R$ 45 apenas . Gustavo Dotto, médico da equipe e professor na Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM);.
"Estes procedimentos existem no setor privado, só que o custo é muito alto, mais de R$ 50 mil. Inclusive os planos de saúde não cobrem o preço da impressão 3D. Já pelo SUS o custo é bem baixo", afirmou.
Entre as vantagens do uso da impressora 3D, Dotto destaca o baixo custo na manutenção dos equipamentos e a qualidade:
Optamos por impressoras de fabricação nacional, que são produzidas em Porto Alegre (RS) e custam em média R$ 10 mil cada.
O Hospital Universitário de Santa Maria, que atende somente pelo SUS, agora conta com duas impressoras.
Fonte: UOL