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CMB DÁ INÍCIO AO 29º CONGRESSO NACIONAL DAS SANTAS CASAS E HOSPITAIS FILANTRÓPICOS
14/08/2019

Na tarde desta terça-feira, 13 de agosto, começou o 29º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Neste primeiro dia, as atividades se deram a partir de uma programação de pré-congresso, com três eixos temáticos, separados por salas que ocorreram de forma simultânea: Sala Governança, Sala Relacionamento e Sala Sustentabilidade. O evento do setor filantrópico de saúde movimenta o Centro de Convenções e Eventos Brasil 21, em Brasília, até a próxima quinta-feira, 15, data em que se comemora o Dia das Misericórdias. Confira.

Sala Governança

O eixo que mais atraiu congressistas ao primeiro dia de evento foi da Sala Governança, com a palestra “Governança Corporativa”, ministrada pelo presidente da H Forte Soluções Educacionais, Horário Forte Bahia Freire, o case sobre “Compliance”, apresentado por Daniel Porto Soares, superintendente geral da Santa Casa de Passos (MG), e a palestra “Lei Geral de Proteção de Dados”, com Enrico De Vettori, sócio líder da Deloitte Brasil e Marta Helena Schuh, diretora técnica e Riscos Cibernéticos da Marsh Mclennan.

“Não existe governança sem gestão. E a gestão, por sua vez, tem como premissa um bom planejamento estratégico”, iniciou Horácio Forte, da empresa H Forte Soluções Educacionais. Na oportunidade, Horácio abordou as boas práticas de governança e seus objetivos de forma bastante didática aos congressistas. E lembrou que, mesmo tendo como base a caridade, assim como outras organizações as entidades filantrópicas precisam de resultados sustentáveis. Nesse sentido, abordou ainda o papel dos conselhos de administração, a saber: aconselhar, monitora e decidir. “Assim como vemos muito no mercado privado, governança como forma de agregação de valor às organizações”, pontuou.

Na apresentação do case sobre Compliance, Daniel Porto, da Santa Casa de Misericórdia de Passos, saudou o fundador da irmandade Jeronimo Pereira Mello e Souza, conhecido como Barão de Passos, com destaque para a história das santas casas. “Se a gente não partir da nossa história a gente corre um grande risco de comprometer o presente e de comprometer também o futuro. E falo isso com muita convicção “, ponderou.

O tema “Lei Geral de Proteção de Dados” foi abordado por Enrico De Vettori, sócio líder da Delitte Brasil e Marta Helena Schuh, diretora técnica de Riscos Cibernéticos na Marsh Mclennan. Vettori destacou que a saúde precisa dar mais importância para os riscos cibernéticos. “O setor é um setor-alvo. Estamos errando em cuidados simples, e os mal-intencionados entram e fazem o estrago”, disse. Segundo ele, quando ataques e vazamentos de dados acontecem, estes acarretam diversos impactos, inclusive custos, sendo que apenas 5% destes são analisados.

Marta Schuh, da Mclennan deu sequência ao tema, falando, de forma mais explicativa, da LGPD, a Lei Geral de Proteção de Dados (13.709018), que regulamenta a forma pela qual as organizações passarão a utilizar, no Brasil, dados pessoais enquanto relacionada à pessoa natural identificada ou identificável. De acordo com ela, a lei entrará em vigor em agosto de 2020, mas ainda será objeto de regulamentação por meio de decreto em relação a alguns temas. “Ela vai promover uma mudança cultural”, disse.

Sala sustentabilidade

O primeiro tema abordado na Sala Sustentabilidade, neste primeiro dia de congresso foi “O Custo do Desperdício”, com o diretor administrativo e financeiro da Santa Casa de Maceió, Dácio Guimarães Borges, e a gerente corporativa de Suprimentos da Associação Congregação de Santa Catarina, Daniela Eugênio.

Segundo Dácio, em 2017, houve um desperdício em saúde de R$28 bilhões, o que representou 1/5 dos valores investidos na saúde suplementar. O diretor mencionou, ainda, os desperdícios clássicos praticados em hospitais, como: estoque de medicamentos, espera, transporte de pacientes, erros e infecções hospitalares, entre outros. De acordo com ele a Santa Casa de Maceió foi a primeira a receber uma certificação Canadense, sendo um indicador importante para oferecer um melhor atendimento ao paciente. “Quando se fala em desperdício significa que o hospital precisa tomar conta do custo do paciente, na eficiência e efetividade para que não tenha desperdício nenhum. O desperdício não precisa ser mensurado e sim eliminado”.

Na oportunidade, Dácio destacou o Projeto 50+, criado no 28° Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. A plataforma é uma tecnologia que disponibiliza informações periódicas e organizadas sobre o desempenho financeiro, operacional, de recursos humanos e assistencial dos hospitais.

Daniela Eugênio deu continuidade ao tema e para tal apresentou o trabalho da sua Associação como exemplo. Daniela trouxe à tona o desperdício em relação ao suprimento.  Segundo ela, o acumulado de 2018 e 2019, por exemplo, chegou a quase R$ 2 milhões de perdas de medicamentos e materiais, sendo uma perda financeira significativa.

A segunda palestra da Sala Sustentabilidade, com o tema Práticas que Agregam Valor para o Paciente - Programa para Qualificação da Assistência ao Paciente, teve início com a explanação da coordenadora da Área de Qualidade do Ensino do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Ana Paula Novaes. A palestrante trouxe como destaque a geração de valor no atendimento ao paciente. Ela explica que os players dos aplicativos estão chegando ao Sistema de Saúde e a gestão em saúde está em processo de transformação para atender um universo diferente. Segundo ela, alguns desafios no segmento de saúde surgiram como o envelhecimento da população, aumento das doenças crônicas e do câncer associado à uma explosão demográfica.

A superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ana Paula Neves Marques de Pinho trouxe aos congressistas algumas reflexões de que saúde é a soma de esforços em prol de um único resultado: todos os envolvidos ganham.  Para ela, quando se fala em segurança do paciente muitos atrelam ao valor do recurso disponível e, segundo ela, é preciso perpassar à questão orçamentária e valorizar à segurança do paciente dentro da instituição.

 

Sala Relacionamento

“Emendas Parlamentares Aplicáveis à Saúde” foi um dos temas da Sala Relacionamento, no 29° Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Na ocasião, a assessora técnica do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, Silvia Ibiapina, apresentou o aplicativo InvestSUS, criado para observar Emendas Parlamentares em tramitação de interesse do gestor estadual e municipal. O aplicativo permite acompanhar desde a indicação da proposta até a liberação do recurso, sem a necessidade de plataforma Mais Brasil. O recurso sinaliza as propostas mais importantes para o gestor de saúde e mostra as transferências feitas ao Ministério da Saúde divididas em dois blocos: custeio e investimento. “Mas, mais importante do que apresentar sistemas e telas é conversar sobre a situação. Fazer uma roda de conversas. Seremos mais produtivos fazendo isso”, salienta.

Na sequência, o coordenador técnico do CONASS, Rene José dos Santos, falou sobre o uso dessas Emendas de forma que atendam não só a alta e média complexidade, mas também a saúde primária. “A Saúde compreende menos de 7% do PIB e apenas 40% do seu orçamento vem de recursos públicos”. Ele adverte que vivemos um período de crise na saúde e as Emendas advindas, de maneira impositiva, não acrescentam recursos, mas compõem os mesmos e, também, que a judicialização no Brasil tem impacto direto na saúde. “A saúde precisa partir para descentralização dos recursos e tomar decisões que sejam de fato efetivas”.

O modelo de gestão SUS também foi lembrado pelo coordenador. “O SUS, pela nossa Constituição, deve ser público e estatal, mas a iniciativa privada pode participar do SUS”. Segundo Rene, o setor privado deve participar mais em caráter complementar.

O segundo tema da tarde, na Sala Relacionamento, foi  “Aprimorando o Relacionamento com o Gestor SUS e Órgãos de Controle”. Na ocasião, Jorge Barretto, promotor de justiça e coordenador regional das promotorias de Justiça de Defesa da Saúde do Norte de Minas Gerais, falou sobre a atuação do Ministério Público de Minas Gerais diante do sistema hospitalar. O MP-MG projetou Coordenadorias Regionais, com o objetivo de regionalizar o atendimento aos municípios e focar na atenção hospitalar e atender todas as regiões. Segundo ele, os hospitais apresentam realidades distintas, com políticas definidas há 30 anos atrás. “Precisamos rediscutir serviços e políticas para redefinir as carteiras de serviços dos hospitais. Criar rotinas de finalização onde criaríamos indicadores de pontos de gargalos de cada um desses hospitais”. O projeto conta com a parceria da Federassantas e permite diminuir o subfinanciamento do SUS.

Também participou da palestra Mauro Junqueira, secretário municipal de Saúde de Carmo de Minas e secretário executivo do CONASEMS. Ele falou sobre os desafios do Sistema Único de Saúde (SUS), com números que comprovam o subfinanciamento e acaba fragilizando os recursos do município destinados à saúde. Junqueira direcionou sua fala às várias falhas de políticas públicas na distribuição de recursos para o SUS, especialmente dos Estados. Segundo ele, as unidades federativas assumem o financiamento de 50% dos recursos da saúde, mas não é o que acontece sempre. “Esse déficit sufoca os municípios e não permite um atendimento mais digno do serviço de saúde”.

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Fonte: CMB