SANTA CASA DE SÃO PAULO E USP BUSCAM FORMAS DE USAR RINS DE PORCOS EM TRANSPLANTES
15/08/2019
Em laboratórios de importantes instituições de pesquisa, especialistas estão debruçados em métodos para resolver o problema da fila para transplante de rim, que supera os 29,5 mil pacientes no Brasil. Com técnicas diferentes, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e a Universidade de São Paulo (USP) estudam meios de como usar rins de porcos para transplante em humanos.
Na Santa Casa, o método pesquisado é a descelularização, que consiste em retirar as células do órgão do porco, por meio de lavagem com um tipo de detergente orgânico. Depois, o órgão é repovoado com células humanas.
Fundador da startup de biotecnologia Eva Scientific, o bioengenheiro Andreas Kaasi integra a equipe do Instituto de Pesquisa, Inovação Tecnológica e Educação (Ipitec) da Santa Casa, que trabalha no projeto para o uso do órgão do porco há pouco mais de um ano. “O órgão que começou bordô fica cada vez mais branco. O processo dura cerca de 24 horas. Antígenos e células que poderiam causar rejeição (no paciente humano) serão removidos.” Apesar de assumir aparência fantasmagórica, com a perda da cor, o rim mantém o formato original.
Segundo ele, a Santa Casa teria capacidade para produzir 50 rins por semana. “É uma possibilidade para quebrar o descompasso entre demanda de órgãos e disponibilidade.” Sobre a previsão de usar a técnica em humanos, Kaasi estima prazo de 10 a 15 anos. “Chegamos à metade do caminho. Conseguimos anonimizar (descelularizar) o órgão do porco, que tem a mesma anatomia para ser humanizado.”
Diretor executivo do Ipitec, Luiz Antônio Rivetti afirma que o andamento da pesquisa anima. “Os resultados são melhores do que a gente imaginava. O glomérulo (unidade funcional do rim) estava preservado. O repovoamento (com células humanas) é a próxima fase.”
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Fonte: Estadão