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MUDANÇA LONGA E CAMINHO ÁRDUO QUE PRECISAM SER TRILHADOS
05/09/2019

Há alguns anos, o setor da saúde vem sendo alvo de uma avalanche de denúncias de corrupção que envolve médicos, dentistas, enfermeiros, diretores de hospitais, operadoras de saúde, empresas que importam, fabricam ou distribuem dispositivos médicos e outros equipamentos hospitalares. Na verdade, o país todo passa por uma nova postura empresarial, inclusive no setor público, onde práticas escusas não são mais toleradas. A reação no segmento de saúde foi agir rapidamente e investir em programas de compliance para separar quem age de forma correta, daqueles que insistem em práticas obscuras. Mas a mudança, mesmo para aqueles que se estruturam em bases bastante sólidas e efetivas, é longa e o caminho árduo.

Fato é que empresas que não pagam incentivos para que seus produtos sejam adquiridos, por este ou aquele, perderam faturamento e correm risco de quebrar, frente a outras que permanecem agindo de modo indevido. A solução, apesar de óbvia, não é praticada. Basta que as fontes pagadoras – hospitais, laboratórios e planos de saúde – reconheçam e escolham como fornecedores as organizações realmente comprometidos com a transparência e a ética nos negócios.

As ferramentas existem. Uma delas é o QualIES, desenvolvido pelo Instituto Ética Saúde com o apoio de um comitê formado pelas maiores companhias de auditoria do mundo. O programa avalia o nível de maturidade de Sistemas de Integridade de fabricantes, distribuidores e importadores de produtos médicos, laboratórios de análises clínicas e hospitais. O projeto, sem dúvida, traça novas diretrizes para o mercado, permitindo que empresas que antes desconheciam, ou estavam totalmente fora desse conceito, possam desenvolver programas cada vez mais maduros e com monitoramento adequado.

As empresas avaliadas podem ter suas notas informadas na Certidão Ética Saúde, caso queiram. Este documento vai agregar valor para a organização, uma vez que ela demonstra ser uma parceira confiável de negócios. A classificação da maturidade dos Sistemas de Integridade vai de 1 a 5, de acordo com critérios e testes padronizados que avaliam gestão; políticas e procedimentos; treinamentos; terceiros/parceiros de negócios; monitoramento e auditoria; registros contábeis/testes de transação; e canal de denúncia.

Ter um sistema de integridade bem amarrado em todas as pontas significa um ambiente desfavorável ao comportamento antiético. E, em um país onde a Saúde respira por aparelhos, é fundamental que todos os players saiam do discurso e se engajem 100%, por um ambiente de concorrência justa e transparente. O setor precisa ser sustentável como um todo, no âmbito público e privado. Só assim poderemos, de fato, beneficiar quem realmente precisa: o paciente!

por Gláucio Pegurin Libório – presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde*


Fonte: DOC PRESS Comunicação