Santa Casa alerta para os perigos da hipertensão
24/04/2015
Não é à toa que a hipertensão arterial ganhou um dia inteiramente dedicado a ela no calendário internacional de datas comemorativas. Um dos estudos mais respeitados sobre o impacto isolado da hipertensão no índice de mortalidade por doença cardiovascular, o Interheart, traz números impressionantes e revela que a pressão alta aumenta em até 110% as chances de ataques cardíacos, o estresse aumenta em 60%, a ocorrência de obesidade aumenta em 225% e o diabetes em 200%.
“Os números são impactantes e alertam para a alta prevalência e as graves consequências da hipertensão”, avalia o médico cardiologista, Humberto Passos, do EMCOR (Departamento de Emergências do Coração da Santa Casa de Piracicaba), ao falar sobre as ações estabelecidas para amenizar o quadro hipertensivo por meio de ações pontuais no tratamento e exaltar a relevância da prevenção.
Segundo Passos, a hipertensão incide em cerca de 25% a 30% da população adulta no Brasil, em 50% das pessoas na terceira idade e em 5% das crianças e adolescentes. “Mesmo assim, apenas 23% mantêm o controle correto da doença, 36 % não têm controle algum e 41% abandonam o tratamento, fazendo com que a hipertensão arterial esteja relacionada com 40 a 60% das mortes por infarto agudo do miocárdio, 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e 25% das insuficiências renais crônicas terminais”, disse.
Os índices se comprovam em Piracicaba, fazendo com que 25% a 30% das mortes ocorram por causa das doenças cardiovasculares, que têm a hipertensão como um dos principais fatores de risco, conforme apontam registros da Vigilância Epidemiológica municipal. “69% dos pacientes atendidos no EMCOR com infarto agudo do miocárdio, apresentaram hipertensão arterial ”, alerta o cardiologista, apontando o sal como outro grande vilão da história. “O consumo de sal nos lares brasileiros é 12 gr diárias por pessoa, quando deveria estar abaixo de 5 gr”, aponta Passos.
Ele explica que a hipertensão ocorre quando há um desequilíbrio no sistema circulatório que faz com que a pressão nas artérias aumente, provocando uma série de distúrbios no organismo. “Uma grande parte das pessoas com pressão alta não apresenta nenhum sintoma no início da doença. Por isso, ela é chamada de inimiga silenciosa”, informa o médico, lembrando que a única forma de saber se a pressão está alta é aferi-la regularmente. “A pressão alta pode apresentar sintomas como dor de cabeça, cansaço, tonturas, sangramentos pelo nariz e pressão na nuca”, explica Passos.
Diante da gravidade do quadro, Passos reforça a importância das ações preventivas. “O indivíduo precisa ter o hábito de manter exames preventivos de rotina para identificar precocemente a hipertensão, bem como as doenças cardiológicas e patologias associadas a esta alteração”, orienta o cardiologista.
Ações conscientizam sobre este ‘mal silencioso’
Com vistas à conscientização sobre os malefícios da hipertensão arterial, o Centro de Prevenção e Promoção de Saúde/Saúde Inteligente, do Santa Casa Saúde, preparou uma programação especial durante todo o mês de abril, com orientações e palestras direcionadas aos integrantes do Grupo de Apoio a Diabéticos e Hipertensos (GADH) e do Grupo Saúde em Equilíbrio.
A enfermeira Roberta Libardi, uma das responsáveis das ações empreendidas na recepção do Saúde Inteligente, no ambulatório médico do Santa Casa Saúde e nas consultas com nutricionistas, revela que a idéia foi abordar questões relacionadas ao conceito de hipertensão arterial, suas causas, como tratar e qual a importância do monitoramento da pressão.
“Os clientes estão recebendo folhetos informativos sobre hipertensão arterial, dicas do consumo consciente do sal, bem como da quantidade de sódio escondido nos alimentos e sugestões de como diminuir o consumo de sal, a exemplo da receita de “sal alternativo”, feito a base de ervas naturais”, disse.
O Serviço de Nutrição da Santa Casa também está empenhado em ajudar a promover o controle da hipertensão através do consumo controlado do sal. A nutricionista Claudenice Sterde explica que o setor mantém área específica para a produção das dietas, elaboradas por cozinheira dietista. “Os alimentos são selecionados in natura, com carnes de primeira e utilização mínima de sal”, revela Claudenice, ressaltando a estratégia de associar temperos naturais aos pratos, como salsinha, cebolinha, orégano, manjericão, hortelã, alho e cebola, garantindo, assim, sabor aos alimentos oferecidos, mesmo com quantidade reduzida de sal”.
Já no refeitório onde almoçam médicos e funcionários, são oferecidos cardápios mais saudáveis, sem a utilização de frituras, defumados, embutidos, caldos de carne ou produtos industrializados, que contém excesso de sódio. Ela lembra ainda que funcionários com prescrição médica ou restrição de dieta têm seus alimentos preparados de forma especial, com dieta hipossódica adequada à situação.
*Informações da Santa Casa de Piracicaba