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COM VISITAS SUSPENSAS, HOSPITAL FAZ CHAMADAS DE VÍDEO ENTRE INTERNADOS E PARENTES
11/05/2020

Dentro do quarto, a única companhia tem sido a equipe médica. A saudade de um rosto familiar se tornou ainda mais forte para os pacientes que precisam ficar internados. Isso porque as visitas na Santa Casa de Sorocaba (SP) estão suspensas há mais de um mês em prevenção ao coronavírus.

Mas, nos últimos dias, o silêncio, tomado apenas pelo barulho dos aparelhos e pelas conversas de corredor, diminuiu. Agora, apenas uma tela separa esses pacientes das pessoas que tanto esperam para encontrar.

Esse é o trabalho do Setor de Humanização da Santa Casa, que atende pacientes da enfermaria, da UTI e da ala de coronavírus. A equipe organiza as chamadas em vídeo para as pessoas que estão internadas como uma forma de trazer conforto em meio a uma situação tão difícil.

José Roque Nunes, de 66 anos, teve um infarto no dia 2 de maio e, pela primeira vez na vida, precisou ficar internado. Desde então, não via a família, que mora em Araçoiaba da Serra (SP). Mas, graças à internet, ele pôde contar tudo o que acontece para a esposa.

"A gente fica com muita saudade. Então, poder vê-los ajuda bastante", diz.

Márcia Luciano Ornieski está com suspeita de Covid-19 e faz tratamento na Santa Casa. Ela pôde conversar com a família e aproveitou para se certificar de que eles também estavam se cuidando.

Resultados inesperados

Em apenas uma semana, 50 pacientes que estão internados puderam passar um tempinho com a família pelas videochamadas. A equipe responsável pela ação é coordenada por Heder Joubert. Segundo ele, a oportunidade chega a todos os pacientes que estão em condições de conversar.

"Quando não conseguimos fazer a chamada em vídeo, pedimos para que os familiares nos enviem áudios. Então, nós colocamos o celular ao lado do paciente para que ele possa ouvir", explica Heder.

Os resultados já começaram a aparecer. O coordenador conta que alguns pacientes até receberam alta ou saíram da UTI depois de fazerem a chamada de vídeo. Para o técnico de enfermagem Ivan Vidal, a iniciativa trouxe uma melhora no ambiente do hospital.

"O trabalho da humanização é fundamental. Esse contato que os pacientes têm com a família ajuda muito na melhora. Então, isso tem que continuar. Tenho visto que eles têm melhorado. A família é o alicerce da nossa vida e é fundamental para na nossa melhora", ressalta.

Alcir Aparecido Rodolfo sofreu um infarto no dia 3 de maio e foi direto para a UTI. Horas depois, ele viu a família e, no dia seguinte, já foi transferido para a enfermaria. Segundo a Santa Casa, Alcir recebeu alta nesta sexta-feira (8) e foi aplaudido pela equipe médica da unidade.

"Eu estava aqui sem celular, sem contato algum com a minha família e aí a equipe apareceu e fez a chamada com a minha esposa. Para ela foi uma libertação poder saber que eu estou bem", diz.

Já Luiz Roberto de Campos deu entrada na UTI com uma forte dor no peito e também foi transferido para a enfermaria logo depois de conversar com a família.

"Achei maravilhoso e até fiquei emocionado de ver a minha família. Eles não sabiam como eu estava e estavam procurando informações. Quando vi meus filhos, me emocionei. Em um lugar desses, a gente se sente abandonado, pensa que a família esqueceu da gente", diz.

Cura pelo amor

Para Bruno de Oliveira, que foi diagnosticado com coronavírus, é um alívio poder manter o contato com a família, nem que seja por meio da internet. Bruno recebeu alta nesta quinta-feira (7) e também foi homenageado pela equipe do hospital.

"Eu cheguei aqui muito nervoso, cheguei chorando. Mas agora já estou me recuperando e torço muito para poder voltar logo para casa. Consegui falar com a minha esposa e isso me deu muita força", diz.

Rogério Gonçalves Silva foi mais um paciente que venceu a Covid-19. Ele também pôde conversar com a família durante o tratamento e agora pode voltar para casa mais sossegado. "Minha mãe está me esperando ansiosa", diz.

"É um momento histórico para a gente. Cada pessoa que passa por aqui tem uma história, e cada história é um milagre. Alguns pacientes pedem para ligar para quem não vêem há muito tempo ou até para quem estão brigadas, fazem as pazes de tudo", finaliza o coordenador.


TV TEM – G1