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“PRECISAMOS BUSCAR O MESMO COMPORTAMENTO QUE TÍNHAMOS ANTES DA PANDEMIA E NÃO QUERER REPOR TUDO QUE NÃO FOI FEITO”
14/10/2020

Rogério Medeiros possui 34 anos de carreira no segmento de Saúde (Operadoras de Planos de Saúde, Hospitais, Clínicas, Serviços e Consultorias Especializadas), sendo os últimos 22 anos em posições de liderança de equipes e de projetos. É sociólogo e cientista político, graduado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, com Especialização e Mestrado em Administração Hospitalar (FSP-USP/PUCSP) e Doutorado em Informática em Saúde (Unifesp).

Medeiros marcará presença no 29º Congresso da Fehosp na manhã do dia 22/10. Não deixe de conferir sua palestra sobre os planos de saúde filantrópicos.

Confira entrevista sobre o tema:

  • Como você descreveria o desempenho dos hospitais filantrópicos com as operadoras de planos de saúde?

O segmento de saúde suplementar é classificado em 5 modalidades e uma delas é a filantrópica. As outras modalidades se dão por cooperativas, seguradoras, alto gestão ou medicina de grupo. O filantrópico já foi no passado muito significativo. Nós já chegamos a ter quase 200 operadoras e hoje nós somos 35, oficialmente. Quando eu leio e analiso os dados dessas 35, elas são altamente rentáveis. Ou seja, todas as operadoras filantrópicas classificadas como filantrópicas possuem resultados positivos. E esses resultados me recomendam a incentivar a abertura de novos planos. Só não há mais operadoras filantrópicas no estado de São Paulo e no Brasil por conta das exigências do agente regulador. Se as exigências fossem diminuídas em dois ou três itens, eu não tenho dúvida que a gente voltaria a ser protagonista nesse mercado, dado que nossos somos o prestador com maior base instalada no Brasil.

  • Você acredita que os planos de saúde dos hospitais filantrópicos é uma das estratégias possíveis para os mesmos obterem mais renda? Você acredita que essa ação atrapalha os atendimentos do SUS?

A minha resposta não seria uma das. Isso é uma estratégia que vai gerar uma receita complementar para apoiar. E, de forma alguma, atrapalha os atendimentos SUS. Se nós considerarmos, se colocarmos como padrão em linha geral que 60% dos atendimentos nas Santas Casas são feitos para pacientes SUS, os outros 40% em tese deveriam ser para privados e operadoras de planos de saúde. Com esse dinheiro de privados e operadores de saúde, eu não tenho dúvida que a receita permitiria compensar as perdas do não-repasse ao SUS. Tenho um exemplo clássico: há um hospital filantrópico no estado de São Paulo que o percentual de atendimento que ele tem de convênio banca a operação dele do SUS, portanto ele não é deficitário. Se ele tivesse uma operadora de plano de saúde que atendesse 10% de sua capacidade, ela teria condições de compor o valor que está faltando do SUS.  Ela não precisa tirar vaga do SUS, ela só precisa recompor o que está faltando porque os filantrópicos como não têm objetivo de visar lucro, o dinheiro aferido é simplesmente para compor o que está faltando.

  • Após a queda de 61% de cirurgias eletivas no SUS, como você acredita que os hospitais poderão se organizar para atender essa demanda após a pandemia?

É necessário saber se as cirurgias que estavam marcadas e não foram realizadas realmente estavam agendadas de maneira adequada.

Se for de urgência, já foram feitas. Aquelas que não eram de urgência e eram eletivas permitem ser remanejadas e atribuídas ao longo do tempo. Elas não precisam ser liquidadas em um ou dois meses. Devemos agendar de acordo com a capacidade de gestão daquele hospital e centro cirúrgico. Precisamos buscar o mesmo comportamento que tínhamos antes da pandemia e não querer repor tudo que não foi feito.


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