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ESTADO DE SP ENTRA NA FASE VERMELHA A PARTIR DA ZERO HORA DE SÁBADO
03/03/2021

Com o agravamento da pandemia da covid-19, todas as regiões do Estado entrarão na fase vermelha do Plano São Paulo a partir da zero hora deste sábado, 6, até 19 de março, segundo adiantou o Estadão. A decisão está sendo anunciada nesta quarta-feira, 3, pelo governador João Doria (PSDB), em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes. A classificação é a mais restritiva do plano de flexibilização da quarentena, pois veta a abertura de restaurantes, academias e outros estabelecimentos considerados não essenciais. As escolas seguirão abertas

“Isso é uma tragédia, é uma tragédia que pode ser ainda pior se não tomarmos medidas”, destacou Doria. Segundo ele, o Estado recebe um pedido de internação a cada dois minutos em hospitais públicos ou privados por causa da doença. “Esse é o termômetro da linha de frente, dessa tragédia que estamos vivendo”, disse. 

 

“Temos a tristeza de reconhecer a situação dificílima que estamos vivendo em São Paulo, e não é diferente do (restante) do País”, acrescentou Doria ao destacar o aumento de óbitos, internações e casos do novo coronavírus no Estado. “As próximas duas semanas serão as duas piores da pandemia no Brasil.”

Como o 'Estadão' adiantou, as escolas estaduais vão abrir para os alunos mais vulneráveis, com deficiências ou dificuldades de aprendizagem. Já as particulares terão autonomia para continuar abertas com 35% de presença.

Segundo dados do governo estadual, São Paulo tem 2.054.867 casos e 60.014 óbitos por covid-19. Na terça-feira, 2, foram confirmadas 468 mortes causadas pela doença, o maior registro feito no Estado desde o início da pandemia. A ocupação de UTI é de 75,3%, média que é 76,7% na Grande São Paulo. Em leitos de enfermaria, a taxa é de 56,8% em todo o Estado, enquanto é de 63,5% na região metropolitana da capital. 

Ao todo, 7.415 pacientes estão hospitalizados com suspeita ou confirmação da doença, o que é 18,6% maior do que o pico do ano passado, que era de 6.250 internados. “Com essa velocidade, não existe outra alternativa que não seja o isolamento, a  restrição do contato”, destacou o coordenador executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo.

Segundo ele, um dos possíveis motivos para o maior número de internados é que a média de idade reduziu e, portanto, os pacientes permanecem por mais tempo nos hospitais. Outro fator que preocupa é a disseminação da variante da covid-19 identificada pela primeira vez no Amazonas.

“Essa segunda onda é diferente da primeira. Na primeira, nós tivemos as regiões aparecendo com surtos, fases mais intensas, mas eram transitórias. Passamos por todo o País, mas em momentos diferentes”, comparou Gabbardo. “Mesmo aqui em São Paulo, começamos na região metropolitana. Depois, na metropolitana, reduziu, e tivemos um aumento no interior. Hoje, o que percebemos é que o País inteiro está entrando em uma situação de colapso.”

Em parte do interior de São Paulo, a ocupação de UTI é ainda maior, chegando a até 100%. Como noticiou o Estadão, além da tentativa de abrir novas vagas, secretarias de saúde de municípios como Araraquara e Bauru transferem pacientes para evitar colapso de seus centros médicos. Na capital paulista, parte dos hospitais privados, como o Albert Einstein e o São Camilo, também estão com os leitos de terapia intensiva totalmente ocupados.

Por isso, o governador também anunciou a abertura de 500 novos leitos, entre 339 de UTI e 161 de enfermaria, em hospitais públicos, municipais, filantrópicos e Santas Casas.

Esta é a primeira vez, durante a pandemia, que São Paulo manterá as escolas abertas na fase vermelha, algo que teve como exemplo países europeus, como França, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Suécia, além de Cingapura. A visão de que a escola - desde que cumpra protocolos sanitários e de distanciamento social - não é um local de grande transmissão para a covid-19 foi se fortalecendo ao longo dos últimos meses, com estudos científicos que analisaram casos na educação presencial em vários países. Além disso, outras pesquisas também indicaram que as crianças se infectam menos e transmitem menos o vírus.

Mesmo assim, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, teve de insistir internamente no governo para que seu entendimento de deixar escolas abertas prevalecesse. Em dezembro, ele conseguiu publicar um decreto garantindo que a educação permanecesse funcionando em todas as fases do Plano São Paulo.

Nesta semana, com a piora da pandemia e a possibilidade de novas restrições, novamente o assunto se mostrou polêmico dentro da gestão Doria. O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, deu declarações em que defendeu o fechamento das escolas e não de outros serviços. A entrevista causou mal estar no governo e a secretaria da Saúde teve, a pedido do Palácio dos Bandeirantes, de publicar uma nota dizendo que se tratava de uma opinião pessoal do secretário.

A interlocutores, Doria tem dito que quem decide sobre o fechamento de escolas é o secretário de educação, o que deu força a Rossieli. Ele tem ao seu lado alguns integrantes do centro de contingência contra a covid-19, como pediatras, que têm defendido também a manutenção da escola pelo prejuízo mental e de desenvolvimento das crianças. 

O Brasil é um dos países do mundo que mais ficou com escolas fechadas, passando de 260 dias. Outros, considerados exemplos da educação mundial, como Reino Unido e Alemanha, pararam escolas por menos de 90 dias.


Jornal O Estado de S. Paulo