DEMANDA POR LEITOS SOBE 45% DURANTE A PANDEMIA EM SÃO PAULO
10/03/2021
Na primeira semana de março, a Cross (Central de Regulação e Oferta de Serviços de Saúde), do governo do estado, recebeu, em média, cerca de 1.000 pedidos de leitos de internação de pacientes acometidos pela Covid-19, número 45% superior à média diária de 690 solicitações registradas em junho de 2020.
Levantamento da Secretaria Estadual de Saúde, gestão João Doria (PSDB), divulgado nesta terça-feira (9) indica que 19 hospitais estaduais atingiram 100% da ocupação de leitos de UTI para Covid-19, e outros seis estão com taxas superiores a 95% de ocupação e estarão perto de saturar.
Criada em agosto de 2010 por meio de um decreto do então governador Alberto Goldman (PSDB), morto em 2019, a Cross é um serviço que funciona sem interrupção. Com cerca de 300 funcionários, sendo quase metade desse efetivo composto por médicos, o serviço monitora a oferta e a demanda de leitos em todo o estado.
A central funciona da seguinte maneira: um profissional de saúde habilitado faz o acesso no sistema e cadastra o pedido, informando o nome do paciente, idade, detalhes da condição saúde e qual é o serviço requisitado. Os atendentes da Cross fazem a triagem desses pedidos, que serão analisados individualmente por médicos. Eles podem rejeitar ou aprovar o pedido.
Se aprovarem, é iniciada a busca até que uma vaga seja preenchida. Se for localizada, o profissional de saúde que fez o pedido é informado para providenciar a preparação do paciente para a transferência. Caso não haja disponibilidade, é avisado para quem requisitou.
O papel da Cross não é o de criar leitos, mas sim o de identificar o serviço mais próximo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Para que a busca seja efetiva, é fundamental atualizar o quadro clínico do paciente, já que a transferência levará em conta se a pessoa possui condições para o deslocamento seguro.
Segundo o sanitarista Gonzalo Vecina Neto, fundador e primeiro presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), um paciente pode não ser elegível a ser atendido por duas razões: se o serviço médico não possuir vagas ou se a pessoa não apresentar possibilidades terapêuticas. “Um paciente que está naturalmente condenado a morrer deve ir para cuidados paliativos”, diz.
Gestão
A Cross é administrada por uma OSS (Organização Social), a Seconci-SP (Serviço Social da Construção), que também gerencia hospitais do Estado e AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), também do governo estadual, na capital, interior e litoral.
Em 2018 o gerenciamento da Cross foi alvo de investigação em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), que averiguou as organizações sociais. O relatório final recomendou, entre outras coisas, maior transparência nos critérios de regulação das vagas ofertadas, e que, ao término do contrato da Secretaria Estadual de Saúde com a Seconci, a pasta disponibilizasse um edital de licitação com maior transparência e publicidade para que outras OSSs pudessem participar.
Jornal Agora