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PANDEMIA VALORIZA AINDA MAIS A ENFERMAGEM - 12 DE MAIO - DIA DA ENFERMAGEM
12/05/2021

Durante os últimos 14 meses, os profissionais de enfermagem têm enfrentado hospitais superlotados e uma doença ainda desconhecida. Não bastasse esse cenário de guerra contra um inimigo invisível, o combate ao novo coronavírus está expondo o número insuficiente desses profissionais nas UTIs para o enfrentamento da pandemia.

Levantamentos revelam que, desde quando a doença chegou ao país, hospitais públicos e particulares criaram 12,5 mil novos leitos de UTI; estrutura  cujo funcionamento depende de equipamentos precisos e profissionais altamente  especializados, a exemplo dos enfermeiros, para que o paciente possa  enfrentar a fase mais difícil e perigosa da Covid-19.

Para a Enfª Denise Lautenschlaeger, gestora do cuidado na Santa Casa de Piracicaba, apesar da sobrecarga dos profissionais e do desgaste das equipes, o protagonismo na luta contra a doença reforça a certeza de que a saúde sem a enfermagem fica devastadoramente comprometida.

Ela lembra que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2030 haverá um déficit mundial de 9 milhões de profissionais de  enfermagem; 17 mil só  no Brasil. “Isso compromete a meta global de alcançar saúde para todos até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODMs), que incluem cobertura universal de  saúde, saúde mental e doenças não transmissíveis, resposta a emergências, segurança do paciente e a oferta de cuidado integral e humanizado”, observa.

Segundo a gestora, a enfermagem compõe uma mão de obra que nunca poderá ser substituída e que, hoje, representa a maior força de trabalho em saúde, respondendo por  59% dos profissionais da área. “São 29,7 milhões de enfermeiros no mundo; 558 mil deles só no Brasil, país que mantém também 1,3 milhão de técnicos e 417 mil auxiliares de enfermagem”, contabiliza a enfermeira, apontando ainda que, na Santa Casa de Piracicaba, 44,5% dos 2067 funcionários compõem os quadros da Enfermagem, o que perfaz 920 profissionais da área.

Ela considera ainda que, junto com o adoecimento dos pacientes, a pandemia tem ocasionado também maior adoecimento dos profissionais de enfermagem expostos aos riscos.  “O déficit de pessoal de enfermagem, que já existia, tem se agravado agora, devido à nova realidade que se impõe, com atraso na formação de novos profissionais, adoecimento físico e emocional de profissionais que estão na ativa e o medo de uma doença ainda desconhecida que minou forças e as condições de trabalho de muitos deles”, analisa a gestora.

Apesar disso, Denise ressalta os pontos positivos desta situação. Ela considera que a categoria nunca foi tão necessária. “Estamos muito fortalecidos no pensamento critico junto à sociedade e na ciência, junto à comunidade científica; pois buscamos cada vez mais conhecimento e diferenciais para nos posicionarmos frente à equipe multidisciplinar, mostrando que o espírito de união e força está presente”, observou.

A gestora evidencia também o estreitamento dos laços da enfermagem com a equipe de trabalho, pacientes e familiares. Ela conta que essa proximidade sempre existiu, pois faz parte do olhar e compromisso inerentes à própria profissão. “Contudo, o momento atual impediu que muitos acompanhantes e visitantes se aproximassem do paciente, espaço que foi prontamente preenchido pela enfermagem, que enxergou na pandemia também a oportunidade de aproximação, empatia e cuidados diferenciados”, observou.

Para Denise, não há como exercer a enfermagem sem a capacidade de olhar o outro, para além do que se vê do ponto de vista físico. “Como todas as profissões, a enfermagem requer muito estudo, ciência, compromisso e preparo; contudo, é uma das únicas profissões que permite romper as barreiras do conteúdo técnico e acrescentar à prática profissional o olhar humanizado e a doação pessoal e integral em cada gesto de cuidado. E isso é um privilégio”, afirma.

Para Denise, mesmo quando não há prognóstico, há muito ainda para se fazer em termos de cuidados com o paciente, a partir de um olhar digno, humano e respeitoso. “Temos uma equipe de cuidados paliativos, treinada para direcionar tanto o paciente quanto os familiares nesta situação, em que o trabalho multidisciplinar em equipe mantém todos focados em um objetivo comum, que é manter um trabalho harmonioso e orquestrado por uma imensidão de heróis com a proposta de restabelecer o paciente e levá-lo para casa”, disse.

Além do preparo, capacidade e suporte técnico, Denise aponta a necessidade de suporte emocional aos profissionais de enfermagem neste momento crítico pelo qual passa a saúde pública mundial. “Nunca a enfermagem se viu tão mergulhada na perda, no luto e no trabalho exaustivo”, disse, lembrando que tudo exigiu desses profissionais um esforço sobre-humano para proteger amigos, familiares e a si próprios, processo que resultou  em muito desgaste físico e emocional.

O que conforta, entretanto, segundo a gestora, é o olhar acolhedor e fraterno da Instituição, que se intensificou com a pandemia. “Na Santa Casa, psicólogos estão à disposição de nossos funcionários continuamente, atuando inclusive diretamente dentro dos Setores Covid, onde há também local especifico e acolhedor para descanso, alimentação saudável e diferenciada para as equipes linhas de frente, além de exames e médios prontos para atendimento ao menor sintoma”, informou.

Denise revela que a experiência à frente da linha de frente do Covid-19 tem provocado uma profusão de sentimentos diversos e controversos, porém desafiadores. “Ao mesmo tempo que o trabalho tem sido exaustivo, exigindo estudo e muitas horas de trabalho duro, há também muita gratidão envolvida na oportunidade de exercer empatia e dedicação, sentimentos ofertados que retornam a quem os concede, fazendo cada segundo valer à pena”, considerou.

A gestora lembra que a enfermagem é uma ciência em expansão, com braços em todos os seguimentos da saúde devido à excelência do trabalho que vem se concretizando. “Sem a enfermagem não se faz saúde”, afirmou desejando a todos os profissionais um maravilhoso Dia Internacional da Enfermagem. “Temos muito o que comemorar”, considerou.

 

Foto 1- A gestora Denise entre enfermeiros coordenadores de unidades na Santa Casa de Piracicaba
Foto 2- A equipe de enfermagem representa 44,5% dos 2067 funcionários da Santa Casa de Piracicaba
Foto3 – Além dos cuidados técnicos, a Enfermagem se compromete com a saúde emocional do paciente


Departamento de Comunicação Santa Casa