SEM REAJUSTES DO SUS, SANTAS CASAS DA REGIÃO CITAM DÉFICIT NAS CONTAS E IMPOSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÕES
23/05/2022
Sem reajustes nos repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), Santas Casas da região de Campinas (SP) apontam déficits nas contas e a impossibilidade de realização ampliações e abrir novos leitos.
A unidade de Campinas é uma das que recebe pacientes pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross). Segundo o provedor do hospital, está cada vez mais difícil dar conta dessa demanda.
"Se agravou muito, mas muito mesmo a situação das filantrópicas que atendem o SUS porque o reajuste de todos os procedimentos, seja ele clínico ou cirúrgico, há quinze anos não acontece", explica o provedor do hospital, Murilo Antônio.
A unidade tem hoje 75 leitos e, segundo a provedoria, se o repasse fosse adequado, a capacidade poderia ser dobrada e chegar a 150, incluindo aqui área de queimados, onde a demanda mais que dobrou.
"Nesses cinco anos, atendemos mais de 900 grandes queimados. Nos dois últimos anos, devido à pandemia, aumentou em 120% o número de queimados devido ao uso do álcool gel de uma maneira inadvertida, que leva a queimaduras importantes".
Já a Santa Casa de Valinhos aponta que para manter a meta de direcionar os serviços em 60% para o SUS, as contas têm ficado no negativo.
"Nosso custo mensal é em média R$ 7 milhões. Desses R$ 7 milhões, 60% seria equivalente a R$ 4,2 milhões. E eu só recebo em média R$ 2,6 milhões, R$ 2,8 milhões, no máximo, do poder público", afirma o provedor da unidade, José Luiz Zanivan
Sem o reajuste, a unidade não consegue realizar uma obra para criação de 14 leitos em uma nova ala, em um espaço hoje utilizado para serviços administrativos. Atualmente o hospital está com uma campanha pra buscar fundos com a iniciativa privada pra levar o projeto adiante.
"Tudo que se tenta mudar custa. Esse custo não dá pra poder abraçar de uma forma tranquila", acrescenta .
Confederação vai pedir auxílio no Congresso
Segundo a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas, mais de 700 desses estabelecimentos têm dívidas acumuladas que chegam a R$ 10 bilhões com bancos por conta da defasagem dos contratos com o SUS.
A confederação afirma que vai entrar com um pedido formal para que o Congresso aprove um auxílio financeiro anual de R$ 17,2 bilhões, que cobriria o déficit na prestação de serviços.
"A gente pode, realmente, discutir com o cofinanciamento dos estados e municípios, para chegar ao valor do custo. Esse é o que nós queremos, o valor do custo, para que nós possamos dar tranquilidade aos nossos provedores, aos nossos médicos, nossos enfermeiros, porque, nessa crise, as pessoas não sabem como chegar ao final do mês, como pagar seus salários como comprar medicamento, como comprar material", diz Mirocles Campos Veras, presidente da CMB.
Programa Mais Santas Casas
A Secretaria de Estado da Saúde informou que quase que dobrou os recursos para custeio das Santas Casas e hospitais filantrópicos da região com o programa Mais Santas Casas, lançado no final do ano passado pelo Governo de SP.
"Neste ano serão contempladas 30 unidades com um total de 108 milhões, contra R$ 56 milhões até o ano 2021. O número de entidades quase triplicou, passando de 11 para 30 beneficiadas. O recurso tem impacto direto na assistência à população e no financiamento destas unidades, que há anos estão prejudicadas pela defasagem da tabela SUS do Ministério da Saúde do Governo Federal", acrescentou.
Questionado, o Ministério de Saúde não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
Por EPTV 1