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SANTA CASA DE LIMEIRA SOMA 48 CIRURGIAS ELETIVAS DESMARCADAS EM 2022; CAUSAS VÃO DE FALTA DE LEITOS A PRIORIDADE PARA URGÊNCIAS
27/06/2022

A Santa Casa de Limeira teve 48 cirurgias eletivas desmarcadas entre janeiro e maio deste ano. Entre os motivos estão falta de leitos, necessidade de atendimento de casos de urgência e emergência, horários excedidos por outros procedimentos e dificuldade para importação de insumos. A diretoria aponta que não há previsão para ampliar estrutura devido a limitações financeiras.

As informações foram divulgadas por gestores da unidade hospitalar durante uma reunião promovida pela Comissão de Saúde, Lazer, Esporte e Turismo da Câmara de Limeira, na quinta-feira (23), após vereadores relataram reclamações de moradores a respeito das eletivas não realizadas na data inicialmente programada.

Segundo a diretora do hospital, Veridiana Gonzaga, as cirurgias de urgência e emergência são responsáveis por 80% a 85% dos casos atendidos na instituição, o que gera também uma maior demanda no número de leitos.

Na quinta-feira, a média de ocupação geral na instituição, considerando todos os tipos de atendimento, era de 92%. Esse percentual de leitos ocupados, explicou Veridiana, está acima do indicado, que costuma ficar em 80%.

“Como nossa porta é aberta e o movimento é intenso, especialmente em relação aos casos de trauma, preciso trabalhar para atender as urgências e tentar atender o que tem na fila, os eletivos. Não podemos desmerecer a urgência de ninguém, mas temos que dar prioridade àquele que precisa de atendimento mais imediato”, argumentou a diretora.

Ela explicou que a taxa de ocupação apertada motiva o hospital a realizar as cirurgias eletivas em menor volume do que o necessário para suprir a demanda reprimida.

Em quatro meses, no período de janeiro a abril de 2022, a Santa Casa realizou 1.411 cirurgias. Outras 48 previstas precisaram ser desmarcadas pela unidade. Em algumas dessas situações, relataram os vereadores, os pacientes já tinham iniciado a etapa de preparação e estavam a poucas horas da cirurgia, o que gerou mais incômodo e queixas dos pacientes.

“Quando os leitos não comportam temos que ‘desagendar’ a cirurgia eletiva”, respondeu Veridiana.

Ele citou em percentuais algumas das principais causas de procedimentos desmarcados:

  • 58% - Falta de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou até mesmo enfermaria;
  • 11% - Motivo de "porta", ou seja, o centro cirúrgico está montado para receber o paciente que já estava agendado, mas chega uma urgência que é atendida prioritariamente;
  • 13% - Por causa de "tempo hábil", que são cirurgias classificadas dentro da programação, mas por algum imprevisto em determinada operação, atrasam a grade cirúrgica e ocupam a agenda do próximo.

Há ainda entre as motivações para o adiamento das cirurgias eletivas a dificuldade enfrentada recentemente com a importação de insumos. “A falta de alguns itens, tanto no setor de oftalmologia como ortopedia, por problema de importação, em nível nacional, é um gargalo. Mas isso já tem melhorado e começamos a receber alguns dos materiais”, pontuou.

A projeção é que até o final deste ano, 4.250 sejam realizadas. “Se continuarmos com esse volume”, situou Veridiana. Como comparativo, ela citou que em 2019, antes da pandemia, 4.371 procedimentos foram executados. Desse total, a média de desmarcação motivada pelo hospital ficou em 7%.

Limites financeiros e físicos

O provedor da Santa Casa, Marcos Antônio Bozza, revelou que a meta da demanda de atendimentos prevista em contrato com o poder público tem sido ultrapassada em torno de 13% a 15% e que o excedente do custo é coberto por emendas parlamentares.

"Tivemos neste ano estorno de teto em torno de R$ 1 milhão a mais do que está contratualizado. Isso com emendas federais ou estaduais”, afirmou. Sobre a dificuldade para atender a demanda excedente, ou seja, de pacientes que estão na fila, o provedor argumentou que o limite não é só financeiro, mas de estrutura física.

Bozza explicou que não há previsão para expandir a instituição. “Não temos recursos suficientes para fazer um plano e expandir a capacidade de atendimento via SUS [Sistema Único de Saúde]. Cada leito que se gera precisa de credenciamento e de orçamento para poder mantê-lo. É uma questão que envolve o investimento para conseguir ampliar, mas o problema é a manutenção”, afirmou.

Na próxima reunião, no dia 30 de junho, às 9h, os vereadores vão receber gestores do hospital Humanitária.


Por G1 Piracicaba e Região