FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS TEME COLAPSO NO ATENDIMENTO NOS PRÓXIMOS MESES POR FALTA DE RECURSOS
18/08/2022
A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo afirmou que teme um colapso na área da saúde e no atendimento SUS nos próximos meses por falta de recursos.
O assunto veio à tona depois que o Hospital AC Camargo, referência no tratamento do câncer em São Paulo, informou que deixará de atender pacientes a partir de dezembro deste ano devido à desatualização da tabela de repasses do SUS.
Segundo Edson Rogatti, presidente da Fehosp, o que se recebe do governo federal é pouco para manter as portas abertas.
"Alguma coisa tem que ser feita porque, se nada for feito, eu não sei o que vai acontecer. Acho que vai ter um colapso no atendimento", disse ao SP2.
De acordo com a federação das Santas Casas, elas são responsáveis por 80% dos procedimentos de alta complexidade. Com o aumento dos gastos, provocado pela alta da inflação, pelo menos 20 hospitais já demonstraram interesse em reduzir o atendimento. Entre elas, as Santas Casas de Marília, Franca e a da capital. Em todo o estado há 409 unidades.
Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Organizações Sociais aponta que, nos últimos dois anos, o preço médio de materiais usados pelos hospitais subiu 528%. Já o preço de medicamentos usados em hospitais do SUS registrou alta de 410%, em diferentes estados.
Ainda de acordo com o levantamento, um lote com 15 produtos de materiais médico-hospitalares, entre eles agulhas, máscaras cirúrgicas, luvas, entre outros, custava em março de 2020 mais de R$ 3.866,08.
A TV Globo pediu um posicionamento para o Ministério da Saúde sobre os repasses do SUS e sobre a possibilidade de uma atualização na tabela de valores, mas não houve retorno até a publicação da reportagem.
Grande São Paulo
Na região metropolitana, as prefeituras de Osasco, Guarulhos, Santo André e Mauá relataram dificuldades para manter o atendimento da população, por conta da defasagem da tabela SUS.
O valor dos procedimentos não é reajustado há 15 anos, desde 2007, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
Interior do estado
O problema com a tabela do SUS também atinge hospitais no interior do estado. Em abril deste ano, o Hospital de Esperança, em Presidente Prudente, também referência no atendimento a pacientes com câncer, anunciou um déficit mensal de R$ 2 milhões.
O hospital começou a atender pacientes do SUS neste ano. A direção da unidade explicou que o valor repassado não cobre os custos e demitiu 180 trabalhadores.
Segundo o governo do estado, R$ 1 bilhão é destinado para complementar o custo de procedimentos pagos pela tabela SUS, um recurso que, segundo a administração estadual, faz falta para ampliar o atendimento à população.
Com esse dinheiro, o estado afirma que daria para construir 10 hospitais como o Mário Covas, em Santo André.
Hospital AC Camargo
A Instituição decidiu não renovar o contrato com a prefeitura. Fundado em 1953, o hospital é mantido pela Fundação Antônio Prudente e recebe pacientes da rede particular e pública.
Em nota, anteriormente a secretaria municipal da Saúde afirmou que foi informada pela Fundação sobre a intenção de interromper o convênio a partir de 9 de dezembro.
A pasta alega tem realizado reuniões com a instituição a fim de avaliar a possibilidade da continuidade da assistência à população.
A secretaria da Saúde ainda afirma, entretanto, que assistência em oncologia aos pacientes da rede municipal seguirá por meio dos demais prestadores municipais do serviço na especialidade.
Confira a reportagem no link abaixo:
Por SP2 — São Paulo