ONCOLOGIA DA SANTA CASA FARÁ ATENDIMENTO 100% PELO SUS
09/09/2022
Com a chancela do secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, a nova Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), que será instalada na Santa Casa de Campinas, tem a perspectiva de atender integralmente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e ser inaugurada ainda em 2022. A informação foi confirmada pelo provedor da Irmandade de Misericórdia de Campinas - que administra a Santa Casa e o Hospital Irmãos Penteado - Murillo de Almeida. Segundo ele, o projeto foi desenvolvido, justamente, com a intenção de contemplar os pacientes oriundos do SUS. O motivo é a demanda reprimida, que era grande, mas que piorou depois de dois anos e meio de enfrentamento à pandemia.
"Isso não significa que, no futuro, depois de tudo estabelecido, a gente não possa abrir a possibilidade de atender aos convênios quando for necessário. A princípio nós estamos com o projeto para atender ao SUS. A ideia surgiu desta forma por causa da demanda, que é muito grande", explicou o provedor. Ele admitiu ter esperança de que os trâmites sejam finalizados ainda neste ano para dar início aos serviços na unidade. "A parte mais demorada, na realidade, é a burocrática. E tem que ser assim, pois é feita uma avaliação sobre a necessidade, o mercado, a população que será assistida. Foi um projeto muito bem feito, mas é como fazer uma planta bonita. Depois tem que construir e é demorado".
Embora o médico tenha usado uma analogia para explicar a fase atual do projeto que consiste na espera pela autorização do Estado - comparando-o com a construção de um edifício - ele confirmou que, assim que o aval for dado, não será preciso realizar muitas adequações e que a equipe e estrutura estarão prontas para iniciar as atividades.
A ideia de construir uma Unacon na Santa Casa surgiu há cerca de sete meses. Agora, o gestor da Santa Casa acredita que a situação está bem encaminhada com o governo estadual e com o Centro de Oncologia Campinas (COC), que vai fornecer alguns profissionais e cuidar da radioterapia na primeira fase após implantação. Também consta no projeto a construção do bunker de radioterapia na Santa Casa em uma segunda fase, concentrando o tratamento dentro de um prédio existente.
Tratativas avançadas
Na quinta-feira, em visita à Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC) para falar sobre o programa Mutirão de Cirurgias, desenhado pelo governo estadual, o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, confirmou que as tratativas para a nova unidade voltada ao atendimento e tratamento oncológico estão avançadas e que foi detectada de fato a necessidade da nova unidade.
"Foi chancelado que isso é uma necessidade. Nós abrimos quatro serviços de oncologia na região, mas precisamos de muito mais (...) a própria Santa Casa, trazendo possibilidade de um serviço e de uma equipe extremamente qualificada e que já atua em outros municípios, sem dúvida alguma nos ajudará na demanda de oncologia. A demanda veio com superávit nos números pós-pandemia e, o pior, na gravidade dos pacientes na apresentação clínica", disse o secretário.
Fernando Medina, médico oncologista que será responsável pela diretoria do serviço de oncologia da Santa Casa, destacou que o plano foi delineado visando a receber pelo menos 1,2 mil novos casos ao término do primeiro ano. Será possível obter atendimento cirúrgico, radioterápico e atendimento de oncologia clínica, além de transplante de medula e tratamento de doenças hematológicas. O oncologista calculou que neste ano serão cerca de 3,5 mil novos casos de câncer em Campinas e 9 mil na Região Metropolitana de Campinas (RMC).
"Fizemos a proposta, o Estado acatou e está em processo de tramitação. A Santa Casa possui local destinado ao serviço e temos equipe médica contratada apenas esperando. Quando autorização sair, no dia seguinte teremos condições de iniciar os trabalhos", afirmou Medina.
Gorinchteyn reconheceu que embora quatro novos serviços oncológicos tenham sido abertos nas cidades que compõem a regional de Saúde de Campinas, ainda é preciso muito mais. A diretora do Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-7), Fernanda Penatti, foi na mesma linha. Ela disse que diante dos parâmetros do Ministério da Saúde e da oferta atual na região, a criação de uma nova unidade oncológica é apropriada.
"(Após a solicitação) o projeto foi enviado para análise técnica. Diante do que temos de oferta e parâmetro no Ministério da Saúde, cabe mais uma Unacon dentro da nossa Rede de Atenção à Saúde (RAS). Então é possível. A análise continua para que a gente possa fazer ajustes no plano da oncologia na composição dos equipamentos que vão dar vazão às pessoas na fila", informou Fernanda. Ela acrescentou que o Estado chegou a ter mais de 500 pessoas na fila para atendimento oncológico, mas que agora o número é inferior, pouco acima de 100. Embora considere um avanço a queda na fila, ela também afirmou que há muito trabalho a ser realizado para esvaziá-la.
Unacon no Mário Gatti
Campinas ganhou na quinta-feira uma nova Unacon pertencente à Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar. A unidade foi reformada e ampliada, triplicando a capacidade de atendimento. Até então, eram em média 380 pacientes atendidos por semana. A estimativa é a de que agora a quantidade chegue a 1.180 por semana, um crescimento de 210%.
O investimento foi de R$ 5,5 milhões, sendo 92% de repasses do Governo Federal e 8% de contrapartida. A ampliação foi anunciada no dia 29 de março de 2019 com a assinatura da Ordem de Serviço pelo então prefeito Jonas Donizette (PSB). A estimativa para conclusão era de 18 meses. Mesmo assim, o atual prefeito Dário Saadi (Republicanos), afirmou que ela foi entregue dentro do prazo estimado e que a cerimônia era não para celebrar a conclusão das obras, mas o início das atividades.
"A obra foi entregue no prazo correto. Nesse período, o que aconteceu, foi a licitação das equipes contratadas. Não estamos inaugurando o prédio, mas anunciando o início das atividades para o dia de amanhã", explicou o prefeito na quarta-feira (30), dia da inauguração.
Com a estrutura, o setor de infusão de quimioterapia ganhará mais quatro poltronas, passando de oito para 12. Isso fará com que a capacidade para realizar procedimentos de quimioterapia, até então 400 por mês, atinja 800, já que aumentará o número de consultas em que o tratamento a ser dado ao paciente é estabelecido.
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