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Parceria da Santa Casa e Spot pretende mobilizar Marília pela doação de órgãos
05/08/2012

Foram cinco anos de hemodiálise, na angustiante fila à espera de um rim. Já o pai, que sofria com a mesma doença, não teve a mesma sorte e morreu à espera da cirurgia. O final feliz na luta por órgão tem sido uma exceção. Para mudar essa realidade, a Santa Casa de Misericórdia de Marília e a Famema (Faculdade de Medicina de Marília) firmaram uma parceria inédita e promovem em setembro uma série de eventos, para marcar o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos.

 
De acordo com dados do Spot (Serviço de Procura e Captação de Órgãos de Marília), nos oito primeiros meses do ano passado a unidade de Marília somou 13 doadores múltiplos. Este ano, no mesmo período foram apenas oito doações. Também houve queda no número de órgãos captados. A redução de 153 para 131 representa um decréscimo de 14,37%.
 
A experiência dos captadores mostra que os índices, infelizmente, são mais influenciados pela comoção popular, do que pela conscientização. Sempre que uma doação ganha destaque na mídia, devido a uma morte traumática (caso Eloá, por exemplo) ou um “doador celebridade”, os números apresentam elevação. 
 
A falta de uma consciência permanente, sobre a importância da doação, produz resultados oscilantes e aumenta a angústia de quem está na fila. “A gente não sabe se está esperando pela vida ou pela morte. Depois de 40 dias que fiz o transplante, meu pai morreu esperando um rim. Foi um choque, uma dor muito grande. Não consegui comemorar por completo”, afirma o motorista, que periodicamente faz acompanhamento na Santa Casa de Marília.
 
Mãos à obra
 
A ideia de promover uma mobilização social, para lembrar o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos (27 de setembro) surgiu após uma palestra do enfermeiro Luiz Carlos de Paula e Silva, assistente técnico de Direção do Hospital das Clínicas. Ele faz parte do grupo responsável pela captação em uma região com mais de 60 municípios.
 
Durante colaboração na Sipat (Semana Interna de Prevenção de Acidentes), da Santa Casa de Marília, o enfermeiro lembrou que o brasileiro tem o hábito de sair às ruas e se manifestar, especialmente em festas populares, mas ainda não aprendeu a se mobilizar por causas relacionadas à saúde e cidadania.
 
O “desafio” deu origem a um projeto que envolve duas das principais instituições de saúde de Marília. As duas semanas que antecedem a data serão marcadas por uma série de ações, como produção de faixas, folhetos, visitas a escolas, palestras com especialistas e uma passeata, no próximo dia 27.
A responsável do setor de hotelaria da Santa Casa, Deborah Milani, assina o projeto com o enfermeiro Márcio Mielo, coordenador de gestão institucional, e a fisioterapeuta Izabel Travitzki, integrante do Sesmt (Serviço Especializado em Saúde e Medicina do Trabalho).
 
Para Deborah, a integração é fundamental para o êxito da iniciativa. “Vamos trabalhar em ações conjuntas, para somar esforços, levar informação, esclarecer o que é a doação e como funciona, para conscientizar um grande número de pessoas”, afirma. 
 
Para a enfermeira Débora Gutierrez, integrante do Spot da Famema, informação sobre a segurança do procedimento e diálogo entre as famílias são fundamentais, para ampliar as doações. “É preciso que a gente se manifeste, fale em casa, diga aos nossos familiares que em caso de uma fatalidade somos doadores. Colocando o tema em evidência vamos lembrar as pessoas de ter esse diálogo, de falar no assunto”, acredita a enfermeira.
 
Durante a abordagem às famílias, os profissionais envolvidos com a captação descobrem que muitas das doações deixam de ser feitas devido ao desconhecimento da família sobre a vontade do ente falecido. “Ás vezes o assunto foi considerado tabu, ou não foi levado a sério. Em determinada circunstância, a morte pode ser considerada inevitável, mas o destino de alguém poderia ser diferente”, afirma.
 
Serviço – Entidades, escolas, empresas e organizações interessadas em patrocinar material de divulgação, agendar palestras, visitas, ou formar grupos para a passeata podem obter mais informações pelo telefone 3402-5555, ramal 5562, com Deborah.
 
 
Santa Casa é referência em transplantes renais
 
A Santa Casa de Marília é referência na região para transplantes renais. O primeiro procedimento foi feito em 1982, a partir do pioneirismo da equipe comandada pelo médico nefrologista José Cícero Guilhen. Em abril de 1987 foi realizado o primeiro transplante com doador falecido.
 
Em 2011 foram feitos 25 transplantes de rim, sendo de quatro doadores vivos e 21 falecidos. Já este ano, até agosto, foram 17 procedimentos (3 vivos e 14 falecidos). Os números são impressionantes: desde 1982 já foram feitos 521 transplantes.
 
Para manter o fluxo de atendimento, o setor mantém contato direto com o Hemocentro de Ribeirão Preto (Central de Distribuição de Órgãos para o Estado). Por meio de amostras de sangue a compatibilidade de receptor e doador é verificada. A cada três meses a esperança se renova, quando é feito um exame de sangue e o cadastro atualizado. Um rim pode aguardar até 36 horas para ser transplantado, por isso a importância da agilidade e apoio de instituições como a Policia Militar, que auxiliam para o rápido transporte.


* Assessoria de Imprensa da Santa Casa de Marília