Dúvidas sobre doação de órgão persistem até entre profissionais de saúde, revela pesquisa
17/09/2013
Mobilizadas na “Campanha pela Conscientização da Doação de Órgãos e Tecidos”, equipes da Santa Casa de Misericórdia de Marília e do Spot (Serviço de Procura e Captação de Órgãos e Tecidos), da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) saíram a campo para colher dados sobre o tema. Levantamento realizado entre os trabalhadores da saúde revela que até no ambiente hospitalar, muitas dúvidas persistem. Mais de 46% dos entrevistados não souberam responder perguntas relacionadas à captação e doação de órgãos.
O levantamento não teve metodologia cientifica, porém ouviu um expressivo número de trabalhadores de saúde (949 no total) da Santa Casa e da Famema. Destes, 436 disseram desconhecer a resposta para uma das 20 perguntas, sorteadas de forma aleatória. Não são questões técnicas e, na prática, poderiam ser respondidas por qualquer cidadão com alguma informação sobre o tema.
Para a encarregada do setor de hotelaria da Santa Casa de Marília, Deborah Milani, a pesquisa demonstra a importância de abordar o assunto, dentro e fora do ambiente hospitalar. Segundo ela, o resultado não foi surpreendente. “De forma geral, a doação tem sido tratada como assunto tabu e isso precisa acabar. É importante que possamos falar abertamente, buscar informação, entender a importância para milhares de pessoas que sofrem nas filas e, principalmente, conscientizar as famílias”, disse.
A campanha mariliense, que une os dois hospitais, é permanente. Entretanto, nos meses que antecedem o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, as ações se intensificam e uma programação é preparada pela equipe de coordenação interinstitucional.
A fisioterapeuta Izabel Travitzki, integrante do Sesmt (Serviço Especializado em Saúde e Medicina do Trabalho) da Santa Casa e membro da coordenação do projeto, afirma que é preciso estimular o diálogo. “Legalmente, não importa se o cidadão declarou em documento que é doador, não importa se deixou uma declaração reconhecida em cartório, ou outro tipo de tentativa de registrar sua vontade: se a família não consentir no ato da abordagem, não pode ser feita a doação”, explica Izabel.
EDUCAÇÃO - Uma das ações desenvolvidas na campanha teve as crianças, filhos de funcionários dos dois centros de saúde, como principais aliadas. O Concurso Cultural Sobre Doação de Órgãos estimulou a criatividade, a pesquisa e o diálogo na família.
A proposta foi deixar as crianças totalmente livres para produzir trabalhos com técnicas de pintura e colagens. O concurso recebeu 16 inscrições e o resultado deu origem a uma exposição, que coloriu painéis na sala de espera do Centro Cirúrgico da Santa Casa.
Giovana Emi Nakata, filha de colaborador do HC1, Flávia Ferreira Arle (ambulatório de especialidades Mário Covas) e Rebeca Santos Silva (HC2 – antigo São Francisco), ficaram, respectivamente, nas três primeiras posições. Os melhores trabalhos foram contemplados com um passeio na Fazenda Floresta (hotel fazenda na região) com acompanhante adulto e refeições, jantar no Restaurante Cupim e entradas para sessões de cinema no Cine Esmeraldas.
Passeata em Marília vai marcar o Dia Nacional de Doação
Uma passeata, no próximo dia 27, com saída em frente a Santa Casa de Marília e chegada no Hospital das Clínicas, vai marcar o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos em Marília. O ato encerra a programação da campanha permanente 2013.
A coordenação espera contar com grupos de profissionais de saúde, estudantes, jovens, idosos, clubes de serviço e organizações não governamentais. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3402-5555 (ramal da hotelaria).
No semestre, doações tem queda em Marília
Os indicadores de órgãos captados pelo Spot Marília, serviço que funciona no Hospital das Clínicas e atende parte do interior paulista, caíram no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012.
No ano passado, o serviço registrou 13 doadores, número que caiu para sete este ano. Foram captados 170 órgãos, contra 88 em 2013. Houve queda também no número de doadores: de 13 para 7, entre um ano e outro. O órgão mais captado continua a ser o rim (que independe da morte do doador), mas mesmo assim houve queda, de 24 para 14 órgãos captados.
As causas da queda são atribuídas às dificuldades de adesão. Para os especialistas, o assunto não tem sido tratado de forma adequada nas famílias. Por mais que a pessoa tivesse o desejo de ser doador, não expressou com clareza em casa. O resultado é a negativa de doação, baseada apenas na desinformação e na incerteza do desejo da pessoa falecida.
* Informações da Santa Casa de Marília
* Informações da Santa Casa de Marília