Após cinco meses, surto de dengue recua no Estado de São Paulo
15/03/2016
Para a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, que tem dados atualizados até o meio de fevereiro, a escalada da dengue tem tido ritmo menor do que no mesmo período de 2015. No comparativo com janeiro, o recuo de novas notificações em fevereiro foi de 38,5%, passando de 57,5 mil para 35,4 mil.As razões para a reversão da tendência de avanço da epidemia ainda não são claras, mas animaram as autoridades de saúde do Estado.
Pela primeira vez desde setembro do ano passado, o número de novos casos de dengue interrompeu a trajetória de crescimento no Estado de São Paulo. No comparativo com janeiro, o recuo de novas notificações em fevereiro foi de 38,5%, passando de 57,5 mil para 35,4 mil.
As razões para a reversão da tendência de avanço da epidemia ainda não são claras, mas animaram as autoridades de saúde do Estado. De acordo com estudiosos da dengue, a quebra da sequência de altas de novos casos pode tanto ter relação com a subnotificação (o que não é comum, pois há protocolos rígidos para o controle da doença) como ser resultado da intensificação das campanhas de combate ao mosquito Aedes aegypti.
EVOLUÇÃO DA DENGUE - Casos da doença em SP caem em fevereiro e revertem tendência de crescimento
Algo também a ser considerado é uma espécie de "esgotamento" das vítimas possíveis de contaminação, sobretudo em cidades pequenas e médias que sofreram epidemias em 2015. Isso porque um indivíduo só adquire um dos quatro sorotipos de dengue uma vez na vida. Até agora, o subtipo que está prevalecendo nas contaminações, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, é o 1, o mesmo que atingiu 98% das vítimas no ano passado.
Pelo relatório divulgado, que ainda pode ser atualizado, as quedas mais acentuadas de novos casos se dão justamente em cidades médias e pequenas, com até 150 mil habitantes, onde é mais fácil fazer o controle dos vetores e a maior parte da população já foi infectada no passado. Houve recuo de novos casos de janeiro para fevereiro em 328 das 645 cidades de SP.
Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
"É preciso olhar o número com cautela. Ele pode ter algum nível de atraso. Os municípios têm até 30 dias para lançar os casos. Mas temos várias outras evidências que mostram que poderemos ter um problema menor do que o previsto", disse o infectologista Marcos Boulos.
Responsável pela Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde, Boulos declarou que, com a entrada do vírus da zika, a população ficou mais atenta e mobilizada contra criadouros do mosquito. Ele citou também o impacto do envolvimento de órgãos como o Exército, a Defesa Civil e entidades sociais em campanhas de conscientização e mutirões de limpeza.
"As infestações de mosquito, pelos relatórios que estamos recebendo, também estão diminuindo. Parte disso pode ser em decorrência das fortes chuvas, que, embora possam produzir criadouros, podem também destruí-los com o impacto da água."
CAPITAL
Embora não tenha registrado queda nos casos de dengue, a prefeitura da capital paulista também acredita que ações de combate ao mosquito estejam surtindo efeito. Para a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, que tem dados atualizados até o meio de fevereiro, a escalada da dengue tem tido ritmo menor do que no mesmo período de 2015. Enquanto no último ano foram 2.280 casos, neste ano foram 1.983 no mesmo período. O secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha, no entanto, evitou esboçar euforia com a desaceleração.
"Se é verdade que nessas seis primeiras semanas nós começamos a apontar uma redução em relação ao ano passado, para sustentar isso no mês de março é muito importante que a mobilização continue", disse.
As mortes confirmadas por dengue nos dois primeiros meses do ano também regrediram a menos da metade. Em 2015, quando houve um recorde de mortalidade, com 471 vítimas, foram 24 óbitos confirmadas no bimestre. Neste ano, são sete ?mas ainda há 38 em investigação.
Segundo Boulos, "os serviços de saúde estão mais atentos e em alerta para agir diante da suspeita de dengue em pacientes com quadros graves. Isso diminui muito o risco de morte." A capital paulista registrou uma morte pela doença.
Jornal Folha de São Paulo