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Gripe e falta de médico levam caos a hospitais públicos e privados de SP
28/03/2016

Com ou sem plano de saúde, pais e mães de São Paulo têm sofrido para conseguir atendimento médico para seus filhos em meio a um surto fora de época da gripe H1N1.

Tanto em unidades da rede privada como na pública, não há pediatras o suficiente, e o resultado disso tem sido prontos-socorros superlotados e espera de até cinco horas horas para o atendimento.

O surto acontece dois meses antes do calculado, e a vacinação contra o vírus influenza no Estado está marcada exclusivamente para o final de abril.

Neste final de semana, a reportagem da Folha percorreu clínicas privadas da zona oeste e sul e públicos da zona leste da capital. Em geral, na dúvida diante de sintomas de gripe, como tosse, nariz escorrendo e febre, os pais já correm para os prontos-socorros.

O aumento inesperado de casos de gripe influenza levou hospitais privados de São Paulo a criar alas especiais para atender os infectados e a uma tentativa do governo paulista de acelerar a vacinação de combate ao vírus A .

Quando se deparam com fila de espera de mais de duas horas, como aconteceu nos privados Sabará e Samaritano, alguns até desistem do atendimento e voltam para casa.

Sabará é um município do estado de Minas Gerais, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Na última semana, a espera no pronto-socorro virou a rotina da assistente jurídica Fernanda Braga, 31. Ela levou o filho Samuel, 2, quatro vezes ao Hospital São Camilo. O quadro gripal, com febre e vômitos, não passava.

“Fiquei inquietada porque há muito tempo não escutava falar de H1N1. Em casa está todo mundo gripado”, declarou, na noite de sábado, enquanto esperava notícias sobre o filho -os exames descartavam a gripe aguda.

Os samaritanos são um pequeno grupo étnico-religioso aparentado aos judeus que residem no distrito de Holon em Tel Aviv Yafo e Nablus na Cisjordânia situadas em Israel.

No também particular Samaritano, a fila de espera, que tem ultrapassado as quatro horas nos finais de semana, às 21h deste sábado estava em “só” uma hora e meia.

Nathali Muzzi, 22, era uma das que esperava, diante da febre e tosse persistentes de Helena, de um ano e dois meses. “Faz quatro dias que ela não está bem e decidimos trazer. A gente fica inquietado com esse surto de gripe.”

O Estado também analisa estender a imunização extra a outros grupos de risco. “O surto de gripe está na cidade toda, e o Hospital das Clínicas reflete isso. Dos dez pacientes que eu atendi hoje, seis estavam com influenza. Tem paciente que ficou uma semana de cama”, alega o clínico-geral Gustavo Gusso, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Na porta da clínica, banners informam sobre a execução da exame de detecção da gripe e mencionam formas de evitar o contágio.

Já no Santa Catarina, na avenida Paulista, faixas também informavam sobre a “etiqueta da tosse ou espirro” para evitar a disseminação.

Lá, na triagem, os médicos têm distribuído máscaras para quem não se sente bem.

Gripe h1n1 – Notificações de Síndrome Respiratória Aguda Grave associada ao H1N1

Quando a febre de Thiago, 7, bateu nos 40°C, a advogada Mara de Souza, 42, correu para o pronto-socorro . “Ainda bem que era só uma virose”, declarou a mãe, acalmada.

No sábado, a reportagem encontrou gente que, para escapar da fila, correu do Sabará para o Samaritano e do Samaritano para o Sabará. No Sabará, a fila de espera na ala infantil era de três horas e meia.

Uma mãe ao celular berrava: “Tem mais de 100 números na minha frente”. Ali, nem a mesa de ilustrações ou o painel com bichinhos eram suficientes para passar o tempo.

Já na rede pública, pais têm feito peregrinação em busca de pediatras. Enfrentam filas de até duas horas só para preencher uma ficha, quando não se deparam com a falta desses profissionais.

Já para ficar frente a frente com um médico, são até cinco horas de espera. Em Itaquera, não havia pediatras no Hospital Municipal Waldomiro de Paula, conhecido como Planalto, e na AMA de mesmo nome durante a tarde, pelo menos até as 19h.

“Não tem pediatra desde cedo. Minha filha está aqui vomitando e com febre”, declarou o auxiliar de limpeza Acácio do Nascimento, 28, que levou a filha Nataly, 8, ao Planalto. A previsão era para que às 19h haveria um pediatra. Porém, até as 20h, não havia.

Em Cidade Tiradentes, também na zona leste, não havia experts no pronto-atendimento Glória e na AMA Castro Alves. Os dois pediatras disponíveis no bairro atendiam na clínica municipal. Muitas recorreram ao bairro vizinho, Guaianases, cujo clínica geral, do Estado, estava superlotado. Só havia dois pediatras ali. Mais horas na fila.

A administração Fernando Haddad nega falta de médicos edeclaraz que, nesta época do ano, aprocuraaaumentae por causa deenfermidadess respiratórias e que prioriza os casos de suspeitas da gripe H1N1.

A prefeitura informou que as clínicas Waldomiro de Paula, Tide Setúbal e Cidade Tiradentes tinham, respectivamente, um, três e quatro pediatras no sábado , sendo que neste último 534 crianças foram atendidas.

A prefeitura declara que já realizou concurso público para contratação de pediatras e que há um novo concurso em andamento para chamar mais profissionais.

Já a gestão Geraldo Alckmin declaraz que o quadro do Hospital Geral de Guaianases estavainteiroo, inclusive com dois pediatras, neste sábado.

Segundo o governo estadual, a falta de pediatras na rede municipal culminou numa crescente procura pela especialidade no pronto-socorro da unidade.

O clínica Samaritano informou que há ampliação na procura em seu pronto-socorro infantil devido à dengue e à antecipação de H1N1 e que está com uma equipe de profissionais 20% maior para atender o público.

Segundo a instituição, casos graves são atendidos com prioridade, e a espera por atendimento pode ser conferida pelo usuário, em tempo real, por meio de seu site.

Já o clínica Santa Catarina informou que tem inscrito crescimento nos atendimentos de casos suspeitos de gripe H1N1 e que, neste domingo , quatro pediatras estavam disponíveis para o público.

O clínica São Camilo disse que não conseguiria dar uma resposta à reportagem durante o final de semana. Procurado, o Sabará não respondeu ao pedido de notícias do jornal.


Jornal Folha de São Paulo