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Ministério libera vacinação antecipada contra gripe H1N1
29/03/2016

Especialistas ouvidos pelo site de VEJA acreditam que o aumento no número de casos da gripe dois meses antes do previsto seja decorrente da importação do vírus de outras regiões do mundo

O Ministério da Saúde anunciou na noite desta segunda-feira que vai permitir a antecipação da vacinação contra a gripe H1N1 para os Estados interessados em começar a imunizar grupos considerados de risco antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril. Em São Paulo, que requisitou a antecipação, o primeiro lote deve chegar nesta sexta-feira - nos demais Estados, a partir de segunda.Cada secretaria estadual deverá divulgar o calendário que adotará para vacinar a população.

O surto atípico de gripe H1N1 está lotando os pronto-socorros dos hospitais da capital e do interior de São Paulo. A situação é completamente incomum, já que o auge da infecção pelo vírus, em circulação no país desde 2009, costuma ocorrer no mês de junho, quando a temperatura começa a baixar. Diz o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, em São Paulo: "Em toda a história epidemiológica, sabemos que a influenza é uma doença do inverno, que deveria aparecer somente daqui a dois meses, não agora. É assustador ". De acordo com dados da Secretaria de Saúde de São Paulo, até o dia 22 de março foram contabilizados 260 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) -- relacionada a complicações do H1N1 -- e 38 óbitos. No mesmo período do ano passado, não havia nenhum registro confirmado. Atualmente, São Paulo concentra 85% dos casos em todo o país.

A principal hipótese levantada pelos especialistas para o número de casos é de que o vírus tenha sido importado por turistas que viajaram para regiões do hemisfério norte, como Europa, Canadá e Estados Unidos. A Flórida, por exemplo, enfrenta atualmente um surto de H1N1. O estado americano recebe cerca de 140 000 paulistas por mês. "Ao voltar infectada para o Brasil, uma pessoa pode transmitir o vírus para os outros pelo contato direto ou indireto a partir da secreção das vias respiratórias", explica Regia Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Frequentar lugares com aglomerações, como escolas ou empresas, ajuda a propagação do agente infeccioso.

É por isso que os hospitais de São Paulo adotaram medidas de emergência para controlar a infecção. Na capital, o Hospital Albert Einstein, o Hospital e Maternidade São Luiz e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, por exemplo, solicitam que os pacientes com sintomas de gripe utilizem máscara hospitalar desde o inicio do atendimento. Além disso, eles disponibilizaram uma área exclusiva destinada ao atendimento de casos suspeitos da doença.

 

H1N1 - O H1N1é um vírus da gripe do tipo A (associado a epidemias) que foi detectado pela primeira vez em abril de 2009 no México e, em pouco tempo, se transformou em uma pandemia mundial. Sua transmissão ocorre pelo contato direto (ao falar, espirrar, tossir ou beijar) ou indireto (pelas mãos) com as secreções das vias respiratórias de uma pessoa contaminada.

Após a infecção, os sintomas demoram entre 1 e 4 dias para se manifestar e incluem febre alta (acima de 38,5°C), tosse, irritação nos olhos e nos ouvidos, dor muscular, de cabeça, de garganta e no tórax, coriza, falta de ar e diarreia. O tratamento é feito com o medicamento Tamiflu. Se não tratada adequadamente, a gripe pode evoluir para um quadro mais grave, conhecido como Síndrome Respiratória Aguda Grave.

Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus H1N1 - ao contrário da gripe comum, que prioriza os idosos.Os grupos de risco incluem crianças menores de dois anos, grávidas, doentes crônicos e pacientes em tratamento de câncer.


Revista Veja