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Cirurgias deixam de ser realizadas por falta de medicamento
02/04/2015

Situação ocorre desde o segundo semestre de 2014; procedimentos que necessitam da droga começam a ser cancelados

No último dia 12 de fevereiro, a Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo) recebeu informações da Santa Casa de Marília sobre a falta de Sulfato de Protamina 1000, medicamento utilizado para reversão do efeito da heparina, em cirurgias cardíacas e de grandes riscos. A situação ocorre desde o segundo semestre de 2014, fazendo com que instituições da Grande São Paulo funcionem com estoque mínimo, realizando apenas cirurgias em casos de iminência de morte.

De acordo com a diretora Técnica da Santa Casa de Marília, Ismênia Torres, a falta do medicamento pode causar um colapso na rede da Saúde, fazendo com que as instituições sejam obrigadas a enviar pacientes para fora do país. “Já cancelamos as cirurgias programadas e não podemos atender urgência e emergência que necessitem desta droga”, explica.

Ismênia diz que a entidade buscou outras formas de suprir a necessidade do medicamento, realizando empréstimos em hospitais de outras cidades. “Porém, não estamos conseguindo fazer isso, pois essas instituições também não possuem mais no estoque”. Segundo a diretora, o remédio custa de R$2,00 a R$2,70 cada ampola, sendo que para cada cirurgia, são utilizadas cerca de quatro (depende do peso corporal de cada paciente).

Rubens Tofano de Barros, presidente da Sociedade de Cirurgia Cardiovascular do Estado de São Paulo e cirurgião da Santa Casa de Marília, destaca que não existe nenhum medicamento que possa substituir o Sulfato de Protamina 1000. “Por essa razão, já suspendemos as internações eletivas, até que tenhamos uma regularização do fornecimento e garantia de poder atender os pacientes com segurança”, avalia.

A entidade informou, ainda, que entrou em contato com o laboratório, que ficou de enviar mais algumas unidades, relatando que estão em um estoque de segurança, mas a demanda não foi cumprida. O diretor-presidente da Fehosp, Edson Rogatti, pede o apoio das autoridades, como Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde. “O problema precisa ser sanado rapidamente, para que os pacientes não sejam mais prejudicados”, diz.